O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, demonstrou otimismo ao afirmar que o acordo entre Mercosul e União Europeia deve ser concluído, no máximo, até fevereiro de 2024. “O acordo ainda não foi concluído, mas continuamos a negociação e temos a perspectiva de concluí-lo em janeiro ou até fevereiro. Acho que seria o limite, dentro da Presidência paraguaia. Podemos ainda concluir tendo em vista a manifestação de interesse de ambas as partes”, disse o chanceler, nesta quinta-feira, 7. A declaração aconteceu após a realização da 63ª edição da Cúpula de Presidentes do Mercosul, que reuniu os chefes do Executivo Lula (Brasil), Alberto Fernández (Argentina), Santiago Peña (Paraguai), Luis Alberto Lacalle Pou (Uruguai) e Luis Arce (Bolívia), no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro. No encontro, foi definida a entrada da Bolívia no bloco, mas não houve consenso quanto as tratativas com os europeus. Enquanto a UE cobra mais compromisso com o meio ambiente, o Brasil quer garantir políticas industriais. A intenção do presidente brasileiro era concluir as negociações com o bloco europeu ainda nesta quinta, mas a Argentina teve resistência em assinar o acordo, em meio às vésperas da posse de Javier Milei.
O presidente da França, Emmanuel Macron, também fez declarações negativas sobre o acordo. Durante a COP28, o francês o chamou de “antiquado”, alegando que Brasil e Argentina se encontram como os maiores emissores de gases do aquecimento global. A França disse, ainda, que teme que o agro sul-americano prejudique os trabalhadores rurais franceses, já que a entrada de mercadoria de países integrantes do Mercosul na Europa seria facilitada. Em nota conjunta, os dois blocos afirmam que estão “engajados em discussões construtivas com vistas a finalizar as questões pendentes no âmbito do Acordo de Associação”. O comunicado diz, ainda, que “nós últimos meses, registaram-se avanços consideráveis. As negociações prosseguem com a ambição de concluir o processo e alcançar um acordo que seja mutuamente benéfico para ambas as regiões e que atenda às demandas e aspirações das respectivas sociedades”.
“Com base nos avanços efetuados até a presente data nas negociações, ambas as partes esperam alcançar rapidamente um acordo que corresponda à natureza estratégica dos laços que as vinculam e à contribuição crucial que podem oferecer para enfrentar os desafios globais em áreas como o desenvolvimento sustentável, a redução das desigualdades e o multilateralismo”, finaliza a nota. Apesar dos entraves com a União Europeia, o Mercado Comum do Sul assinou nesta quinta-feira o primeiro acordo do bloco com um país asiático, Singapura. A nação é uma importante parceira de investimentos do bloco sul-americano, sendo uma das principais receptoras das exportações dos países da América do Sul. Em 2022, por exemplo, o comércio entre os países movimentou cerca de US$ 10 bilhões.
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