Uma das mesas de debate foi Mulheres na Música Urbana, com Yvie Oliveira, fundadora e produtora executiva do Brasil Grime Show (BGS), e Juliana Wanderley, cofundadora e colaboradora do coletivo negro e revista Brasa Magazine. O grime é um estilo musical surgido em Londres no início dos anos 2000, no qual cantores de rap fazem suas rimas em cima de batidas eletrônicas aceleradas.
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“Isso é muito legal de observar. Hoje, quando você olha para o Brasil, tem mais de dez rádios no YouTube focadas em grime. E, até 2020, só existia o Brasil Grime Show. Então, hoje, eu também tenho para onde escoar meu trabalho, para outros programas de grime pelo Brasil. A gente tem uma influência muito forte, sim, e muitos artistas que passaram por nós conseguiram entender isso e trabalhar em cima da mídia que a gente proveu para reverter para o que eles queriam.”
Apesar do sucesso, Yvie conta que passou por muitas situações de falta de credibilidade por ser mulher. “Tem situações em que se consegue ver de forma explícita que a pessoa vai se relacionar melhor se for um homem dando o direcionamento do que com uma mulher. Você vai sempre ter sua palavra colocada em dúvida. Trabalhei com mais de 60 artistas e só dois tiveram confiança para trabalhar diretamente comigo. Os demais preferiram passar por outras produções. Só que hoje eles estão voltando, pedindo nossa assessoria.”
Juliana destaca que, muitas vezes, os homens recebem os créditos por um trabalho realizado por mulheres e que o esforço feminino é desrespeitado. “Tem a ética do lado profissional e tem o lado pessoal, e são situações que vão afetar os dois. Tem situações em que eu preciso me impor, como produtora ou assessora, para resguardar meu espaço.” Ela acrescenta que precisa se impor como mulher e dizer: “você não vai falar comigo assim, da mesma forma que você não falaria se fosse com um homem”.
De acordo com Juliana, é uma situação difícil, porque dá impressão de petulância ou de se tratar de uma mulher descontrolada. “E não é sobre isso, é sobre a gente estabelecer um limite do respeito.”
Também foram debatidos os temas Novas Tendências da Cena da Música Urbana; Direito Autoral: da Execução Pública ao Digital e Planejamento de Carreira. Os debates tiveram curadoria do rapper Marcão Baixada, agitador cultural premiado em eventos como o Take Back the Mic, em Miami.
Festival
O festival Lapa pela Lapa foi idealizado pela Agência Olga e realizado em parceria com as agências V3A e SRCOM, além da União Brasileira de Compositores (UBC), Selina, Rádio Mix, Mobees, Virgin Music Brasil e associação Salve Lapa. O patrocínio é da Budweiser e da Secretaria Estadual de Cultura e Economia Criativa, por intermédio da Lei de Incentivo à Cultura.
Segundo o sócio-diretor da Agência Olga, Mateus Simões, o objetivo do projeto Lapa pela Lapa é valorizar o Rio de Janeiro e um dos bairros mais tradicionais da cidade.
“Nossa inspiração nasceu dos festivais norte-americanos que usam as estruturas das cidades para entregar uma rica programação ao público. Eventos como estes movimentam bastante o mercado local e empreendedores, além de valorizar artistas e criar experiências únicas para o público. Na primeira edição, optamos por fazer com artistas da cena do rap nacional, dando luz à cultura urbana que aflora por todo o Brasil,” afirmou Simões.
Shows
Os shows começaram às 15h. Na Fundição Progresso, os ingressos custam R$ 40, mais a doação de 1 quilo de alimento não perecível, e as principais atrações são BK’ e Marcelo D2, a partir das 20h. Nos Arcos da Lapa, com acesso gratuito, BNegão anima o público a partir das 18h30, seguido de Drik Barbosa.
A atração da Casa Salve Lapa, no Centro Cultural Tá na Rua, é a batalha de MCs, a partir das 19h, com entrada gratuita. O encerramento será com o Mc Funkero e também haverá a pintura de um grafite ao vivo.
Já o Espaço Virgin Music Brasil, no Espaço Verde da Fundição Progresso, terá apresentação de freestyle com PK às 19h e de Marcelinho da Lua às 20h30.