Segundo a pesquisa, estes animais jovens tinham comportamento semelhante ao das aves atuais. O Caiuajara dobruskii era um pterossauro de pequeno porte, com uma envergadura que podia variar de 0,65 metros (m) a 2,35 m, que viveu durante o período Cretáceo (~90-70 milhões de anos).
Descoberta em 2014, fósseis da espécie foram encontrados no interior do Paraná, em rochas do município Cruzeiro do Oeste e representou um importante achado para a paleontologia nacional. Essa foi a primeira vez que esses répteis alados foram encontrados fora da Região Nordeste. No local do achado, estavam presentes centenas de ossos dessa espécie.Os pesquisadores constataram que a maior parte dos exemplares, cerca de 80% da amostra, pertencia a indivíduos ainda em estágio juvenil. Deste modo, muito possivelmente os pterossauros usaram a localidade como ponto de reprodução.
"Estes pterossauros quando juvenis, aparentemente, ficavam reunidos em grupos, um comportamento também visto em aves atuais. Esta estratégia de agrupamento dos juvenis é denominada creching, e costuma ser um mecanismo de sobrevivência que permite melhor regulação da temperatura e proteção dos juvenis contra predadores", disse o líder da pesquisa, o doutorando Esaú Araújo, em nota. Ele é aluno do programa de pós-graduação em Zoologia do Museu Nacional, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
"Pela primeira vez foi feito um estudo paleohistológico com um número expressivo de ossos de pterossauros e isto só foi possível dada a abundância de registros desta espécie, um cenário normalmente raro para os paleontólogos que estudam os pterossauros".
Com um bom número de amostras, foi possível compreender, a partir das microestruturas dos ossos, o grau de desenvolvimento dos indivíduos, sua taxa de crescimento, fisiologia e aspectos comportamentais.
Na constituição óssea do Caiuajara dobruskii foi observado um córtex ósseo extremamente fino com a presença de um complexo ósseo tecidual denominado fibrolamelar. O padrão em questão é bem conhecido na literatura, estando presente em diferentes espécies de pterossauros.
Este tipo de tecido ósseo sugere que o Caiuajara dobruskii apresentava taxas de crescimento altas, também comparáveis às das aves atuais. Ele crescia a um ritmo superior ao de outras espécies de pterossauros, como espécies encontrada na China, Argentina e Alemanha.
"Esse trabalho é fruto da união de cientistas de diferentes instituições que, além da descoberta, estão auxiliando na reconstrução do Museu Nacional/UFRJ. É também mais uma demonstração de que o Museu Nacional Vive", afirmou, em nota, Alexander Kellner, diretor do Museu Nacional, cuja sede ficou destruída por um incêndio em 2 de setembro de 2018.
Agencia Brasil