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Quando era pequenino: "Detestava, nem podia com o cheiro. Hoje [adoro]"

Participou em diferentes edições de concursos televisivos onde mostrou os seus dotes para a música, mas foi em 2012 - quando venceu o 'Ídolos' - que começou a colher os frutos na indústria.


Em 2015 lançou o seu álbum de estreia, 'Espelho', e agora acaba de dar a conhecer um novo disco, 'SNTMNTL' ['Sentimental'].

Natural do Algarve, e casado com Mel Jordão, com quem tem em comum a pequena Penélope, é no Alentejo que guarda as melhores memórias da infância.

Hoje o cantor é o convidado da rubrica 'Quando Era Pequenino', do Fama ao Minuto.

O prato favorito na infância (e quem o preparava) e a comida que não gostava e que agora gosta?

Detestava - nem podia com o cheiro - favas com chouriço. A minha mãe fazia para a família, ou para o meu pai, ou quando havia um almoço ou jantar maiorzinho. Acho que provei e não gostei, mas devia ter insistido porque houve um dia em que comi e foi uma explosão. Hoje peço a toda a hora que a minha mãe faça porque adoro favas (e outras coisas que ela faz porque é uma mãe alentejana e faz sempre boa comida).

O meu pai também cozinhava, e cozinha muito bem, mas a minha mãe fazia aqueles pratos mesmo quentinhos alentejanos, e um deles nós chamámos o jantar, que é tipo uma açorda mas em bom. Em vez de ser só com água, alho e o pão, ela aproveita e coze o feijão, o chouriço e todas as carnes numa panela e a água dessa cozedura mete no pão. É incrível! Adorava que toda a gente pudesse experimentar. Tenho de aprender exatamente como ela faz e levar isto para a vida.

Quem era a pessoa que mais admirava?

Os meus pais. Eles eram os dois super heróis. A minha mãe tinha dois empregos, trabalhava numa pastelaria desde as 4h da manhã, depois vinha a casa só mudar de roupa e ia para um tribunal trabalhar quase até às 20h. Isto todos os dias durante anos e anos para juntar algum dinheiro para podermos ter algumas condições boas de vida.

O meu pai por ser aquela pessoa sempre presente em todas as atividades, seja no karaté, no futebol ou na música. Os meus pais tinham dois filhos gémeos e conseguiam estar presentes em todo o lado, onde quer que os dois estivessem. Havia uma altura na nossa vida em que eu jogava à bola num clube e o meu irmão jogava noutro. O meu pai ia ver a primeira parte do jogo de um e a segunda parte do jogo do outro, enquanto a minha mãe trabalhava.

Quais as melhores férias quando era pequenino?

As melhores memórias que tenho são no Alentejo. Era onde passávamos grande parte do tempo porque a parte da família da minha mãe é gigante, ela tem cinco irmãos, dezenas de primos, e a maior parte deles estava no Alentejo. Eram semanas, às vezes quase um mês em casa dos avós. E fazíamos de tudo, jogávamos à bola, saltávamos, corríamos, andávamos de bicicleta, de motorizada, apanhávamos lagartos, gafanhotos e cobras... Fazia tudo o que uma criança feliz faz e hoje em dia quase que não consigo pegar num inseto porque tenho medo. Até parece que nem tive infância. [risos]

A que dia voltava na infância? E porquê?

Voltava a um Natal em que estivéssemos todos no Alentejo. Era onde passávamos o Natal e, se calhar, foi das últimas vezes em que estivemos todos juntos, a família toda - avós, tios...

Complete a frase: Se voltasse à minha infância, nunca… mais ia ter vergonha. Pelo menos ia ter menos vergonha, menos timidez. Divertir-me mais. A pouca autoestima durante muito tempo não me ajudou e só descobri mais tarde, quando finalmente ganhei mais amor próprio.

André Piçarra e Diogo Piçarra© Instagram_andre_picarra

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