Foi num longo desabafo que partilhou com os seguidores, na sua página de Instagram, que Luísa Sobral começou por contar que "cresceu a pensar que a terapia era apenas para aqueles que não 'fecham bem a mala'".
De seguida, recordou uma fase difícil da adolescência: "A primeira vez que me sentei no consultório de um psicólogo tinha 14 anos e fui obrigada pelos meus pais. Foi uma fase difícil da minha adolescência. Ou não comia, ou vomitava. O espelho refletia-me sempre mais gorda enquanto os números na balança diminuíam de dia para dia".
"Desse período pouco me lembro, aliás, a minha memória diz-me que fui apenas a uma consulta, a minha mãe diz-me que foram seis meses de visitas semanais", acrescentou.
"Mais tarde, já com 26 anos, decidi marcar uma consulta com a psicóloga de uma amiga. Tinha alguma dificuldade em chorar e achei que seria interessante falar sobre o assunto. Marquei como quem marca uma higienização no dentista. E assim foi. Fui, conversámos, saí, não voltei. O mesmo aconteceu quando descobri estar grávida do meu primeiro filho", contou depois.
"Para mim, ir ao psicólogo era aquilo. 'Muito obrigada pela ajuda, daqui em diante, é por minha conta'. Era sempre muito desconfortável quando, já no final, abriam a agenda para marcar a consulta seguinte. Respondia, com um pé no elevador, que ligaria depois para marcar. Nunca ligava", confessou.
Na mesma publicação, partilhou que "há dois anos, depois do nascimento do último filho, percebeu que seria importante começar a tratar de si, do corpo e da mente". Por isso, diz, inscreveu-se no ginásio e marcou consulta com o psicólogo de um amigo. E acabou por viver um "episódio caricato".
"Quando toquei à campainha, ouvi um 'clic' quase imediato mas, quando entrei, não encontrei ninguém à minha espera. Fui pelo corredor até vislumbrar uma sala que aparentava ser uma sala de espera, pelo facto de ter a porta aberta e por lá dentro estar um rapaz sentado. Assim que entrei, ele cumprimentou-me com um 'Olá, Luísa, tudo bem?' e um sorriso. Que estranho, pensei. Então, isto deve ser o consultório, para ele me abordar de uma forma tão familiar. Mas não se parece nada com a pessoa na fotografia de WhatsApp", relatou.
"[...] Um pouco desconfortável por há muito não frequentar um consultório de um psicólogo, e porque há sempre tanta coisa para dizer numa primeira consulta, comecei a falar sobre a minha vida, primeiro a medo, depois, ao senti-lo escutar com atenção, com mais confiança. Quando já estava bastante integrada naquele novo lugar, e as palavras já me fluíam com uma enorme naturalidade, sou interrompida por um senhor que aparece na porta, esse, sim, igual à fotografia do WhatsApp: 'Luísa? Vamos entrar?", contou.
"O rapaz é o técnico de som da banda de uma amiga. Tínhamos estado juntos uma vez num concerto. Só soube mais tarde. Este episódio caricato não me afastou do consultório, pelo contrário, deu-me uma boa história para quebrar o gelo assim que me sentei naquele sofá que hoje me é tão familiar", disse ainda.
"Quanto ao rapaz, não sei se se apercebeu do mal-entendido, se achou que eu era uma daquelas pessoas que partilham a sua vida com uma grande facilidade, ou se acabei por cair na categoria daqueles que, em criança, se julgava serem os únicos clientes dos psicólogos, os que não fecham bem a mala", escreveu, por fim.
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