O levantamento mais recente do IBGE revela que 89,1% das médias e grandes indústrias no Brasil implementaram práticas ambientais em 2023. A princípio, isso parece um grande avanço na luta pela sustentabilidade. Mas, olhando mais de perto, será que essas iniciativas estão realmente causando o impacto necessário para frear a degradação ambiental? E até que ponto essas ações não são apenas uma resposta ao aumento da pressão social e do mercado? A adoção de práticas verdes pelas empresas está longe de ser puramente altruísta. Hoje, consumidores e investidores estão mais atentos a questões ambientais, e as companhias que abraçam a sustentabilidade acabam colhendo os benefícios. Marcas mais “verdes” conseguem conquistar um público mais fiel e atrair investidores preocupados com ESG (ambiental, social e governança). No entanto, há uma diferença entre fazer o mínimo exigido por lei e promover uma transformação real nos processos produtivos.
Dados do próprio IBGE mostram que muitas dessas iniciativas se concentram em áreas como redução de desperdício e controle de poluição. No entanto, o impacto dessas ações pode variar bastante entre setores. Indústrias como a de energia, por exemplo, têm desafios muito maiores quando o assunto é sustentabilidade, exigindo mudanças estruturais para fazer uma diferença significativa. Enquanto isso, países como França e Alemanha estão muito à frente, com legislações ambientais mais rigorosas que exigem compromissos maiores das empresas. No Brasil, ainda enfrentamos uma fiscalização deficiente e uma aplicação frouxa de sanções, o que deixa a desejar na proteção do meio ambiente. A falta de políticas públicas mais agressivas para controlar o impacto industrial também é uma barreira.
De acordo com um relatório da WWF, apesar do aumento das práticas sustentáveis por parte das empresas, a degradação ambiental no Brasil segue avançando. Isso sugere que, embora haja boas iniciativas, elas ainda não são suficientes para lidar com a dimensão do problema. Precisamos ir além. A adoção de práticas ambientais não pode ser encarada apenas como uma obrigação legal ou uma estratégia de marketing, mas como um compromisso real com o futuro do planeta. Se queremos ver mudanças reais no combate à crise climática, as empresas precisam ir além das medidas pontuais. É necessário investir em soluções de longo prazo, como a economia circular e a neutralização de carbono, e o governo tem que criar políticas mais rígidas para garantir que o setor industrial faça sua parte. Apenas assim teremos um progresso significativo na preservação do meio ambiente.
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