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Patrícia Costa

Faltam bombeiros para combater incêndios no Brasil

O Brasil tem uma das piores proporções de bombeiros por habitante, um fator que dificulta a resposta rápida a emergências, principalmente em casos de incêndios florestais.


O Brasil tem uma das piores proporções de bombeiros por habitante, um fator que dificulta a resposta rápida a emergências, principalmente em casos de incêndios florestais. Estados como Piauí, São Paulo e Ceará registram números muito abaixo do ideal. Para um país que sofre anualmente com queimadas em larga escala, essa realidade representa um risco gravíssimo à segurança ambiental e à população. Em termos comparativos, enquanto o recomendado pela Organização Internacional de Bombeiros é de 1 bombeiro para cada 1.000 habitantes, o Piauí tem apenas 1 para cada 5.100 pessoas. São Paulo, o estado mais populoso do Brasil, possui uma proporção de 1 bombeiro para cada 3.600 habitantes. O Ceará não está muito atrás, com 1 para cada 3.000 pessoas. Esses números colocam o Brasil em uma posição vulnerável diante do aumento das emergências causadas pelas mudanças climáticas e pela intensificação das queimadas.

O problema, no entanto, vai muito além do número de bombeiros. A falta de estrutura nas forças de defesa civil e no apoio ao combate a incêndios agrava ainda mais a situação. Em muitas regiões, especialmente no Norte e Nordeste, há pouca ou nenhuma capacitação para lidar com grandes incêndios florestais. A Defesa Civil, que deveria atuar de maneira preventiva e emergencial, sofre com a falta de recursos, equipamentos adequados e pessoal qualificado. Os equipamentos usados por brigadistas são, muitas vezes, insuficientes ou obsoletos, e as corporações dependem de doações ou projetos privados para realizar um trabalho que deveria ser de responsabilidade pública.

Outro ponto crítico é a falta de integração entre as esferas federal, estadual e municipal no combate a incêndios. O orçamento destinado às ações de prevenção e combate, tanto para os bombeiros quanto para a Defesa Civil, tem sido reduzido nos últimos anos. Segundo o IBGE, em 2023, o Brasil destinou menos de 1% do PIB para a gestão de desastres naturais, enquanto países como Portugal e Espanha, que enfrentam problemas semelhantes com incêndios, investem mais de 2% do PIB em prevenção e combate a incêndios.

O uso da tecnologia, essencial no monitoramento e controle de queimadas, também é subutilizado. Enquanto outros países empregam drones, sensores de calor e satélites para identificar focos de incêndio em tempo real, o Brasil ainda conta com sistemas ineficientes e demorados para a detecção e combate ao fogo. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) monitora as queimadas via satélite, mas faltam investimentos para que esses dados sejam usados de maneira mais eficaz pelas equipes em campo.

O panorama geral mostra um país que está longe de ser preparado para enfrentar uma das maiores ameaças ambientais e de saúde pública do século 21: o avanço descontrolado dos incêndios. O déficit de bombeiros, a falta de estrutura da Defesa Civil e o desmonte de políticas públicas ambientais têm deixado o Brasil exposto, com graves consequências não apenas para os ecossistemas, mas também para a população, que sofre com o aumento da poluição do ar, doenças respiratórias e prejuízos econômicos. A solução passa por uma reformulação urgente das políticas públicas de prevenção e combate a incêndios, com maior investimento em treinamento, contratação de profissionais, aquisição de equipamentos modernos e melhor coordenação entre os diferentes níveis de governo. Sem essas mudanças, o Brasil continuará assistindo, impotente, a destruição de seus biomas e a morte de milhões de animais e pessoas afetadas pelas queimadas.

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