Promover ameaças e até mesmo ataques a lojas e comércios foram as principais recomendações que um bando ligado ao Primeiro Comando da Capital (PCC), recebeu de criminosos nas favelas cariocas para implementar uma milícia no litoral sul de São Paulo. O plano do grupo descoberto numa ação conjunta entre Polícia Civil e Ministério Público paulista, identificou que o PCC enviou um líder da facção ao Rio de Janeiro (RJ), que figurava entre o alto escalão, para entender como os milicianos forçavam os empresários a desistirem de contratar seguranças particulares, na maioria das vezes policiais aposentados, para poder oferecer o próprio o "serviço" da organização criminosa. O chefe enviado pela quadrilha, comandava o tráfico de drogas e de armas em uma comunidade na região de Vicente de Carvalho, no Guarujá (SP). E para que o plano de implementação da milícia desse certo, com o foco em manter o monopólio da segurança de comércios no Guarujá, o PCC desencadeou uma onda de homicídios contra policiais e agentes de segurança que já trabalhavam nesses locais como seguranças particulares.
As investigações da polícia e MP, identificaram o envolvimento da quadrilha em pelo menos quatro mortes de policiais no litoral paulista no ano passado. Em todos os casos há indícios da atuação da milícia nos crimes. E as ações não pararam por ai, há suspeitas de que houve um "acordo" entre políticos e a liderança criminosa para conter a violência na região. O fato confirmou o envolvimento do bando em licitações fraudulentas na Câmara de Vereadores e na Prefeitura do município. O avanço das investigações mostrou que um criminoso membro da facção, proprietário de uma empresa de limpeza, venceu uma licitação com indícios de fraude da Prefeitura de Guarujá para prestação de serviços em órgãos públicos. Em dois anos, o contrato gerou R$ 26,9 milhões à organização criminosa. Em março deste ano, o líder da milícia foi morto num ataque a tiros na cidade litorânea.
Por meio de uma operação para desarticular as ramificações da milícia, 26 mandados de busca e apreensão foram cumpridos em cidades da Baixada Santista — Guarujá, Cubatão, Praia Grande, Santos e São Vicente — e na capital paulista. No decorrer das investigações, foi descoberto um suposto favorecimento de agentes públicos com o recebimento de propinas para viabilizar as fraudes. Os materiais apreendidos durante as buscas agora estão sendo analisados como parte das apurações para identificar o envolvimento de agentes públicos.
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