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Patrícia Costa

Poluição plástica e o câncer de mama

No Outubro Rosa, muito se fala sobre a importância do diagnóstico precoce e da conscientização para salvar vidas diante do câncer de mama.


No Outubro Rosa, muito se fala sobre a importância do diagnóstico precoce e da conscientização para salvar vidas diante do câncer de mama. Mas o que passa despercebido é como a poluição plástica pode estar contribuindo para o aumento desses casos, principalmente entre mulheres jovens. A poluição plástica, além de ser um desastre ambiental, tem efeitos diretos sobre a saúde humana. No Brasil, produzimos mais de 11 milhões de toneladas de lixo plástico por ano, mas apenas 1,2% desse material é reciclado. O restante acaba nos oceanos, solos e, mais preocupante ainda, dentro de nossos corpos. Microplásticos, partículas minúsculas que derivam do plástico, estão presentes na água que bebemos, no ar que respiramos e nos alimentos que consumimos. Pesquisas indicam que estamos absorvendo essas partículas diariamente, sem sequer nos darmos conta.

E o que isso tem a ver com câncer de mama? Cada vez mais, estudos apontam para uma correlação entre os microplásticos e o desenvolvimento de tumores. Substâncias químicas como BPA, Ftalatos e Parabenos, comumente encontrados em embalagens plásticas e produtos de higiene, atuam como desreguladores endócrinos, ou seja, interferem nos hormônios naturais do corpo. Isso pode levar ao desenvolvimento de células cancerígenas nas mamas, conforme apontado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A International Agency for Research on Cancer (IARC) já classificou esses compostos como carcinogênicos para os humanos. Isso levanta um questionamento ético: por que tantas empresas ainda utilizam esses materiais, mesmo sabendo de seu potencial prejudicial? O princípio da precaução, que deveria guiar as práticas empresariais, está sendo ignorado em favor do lucro e da conveniência.

O mais preocupante é que essa ligação entre poluição plástica e câncer de mama ainda está em seus estágios iniciais de pesquisa, mas os indícios já são alarmantes. Um estudo publicado na Nature Scientific Reports revelou que microplásticos podem acelerar a metástase de células cancerígenas, ampliando os danos de um câncer de mama já existente. A ciência está avançando, mas as medidas preventivas ainda não acompanham a gravidade da situação. Enquanto isso, o número de novos casos de câncer de mama no Brasil não para de crescer. Em 2023, foram mais de 70 mil novos casos, com a doença ocupando o primeiro lugar em mortalidade por câncer entre mulheres, segundo o INCA. Diante desses números, é fundamental que o debate sobre poluição plástica seja incorporado às campanhas de conscientização, como o Outubro Rosa.

Além do diagnóstico precoce, é preciso combater fatores ambientais e externos que estão contribuindo para o aumento dos casos de câncer de mama. Empresas devem ser pressionadas a eliminar o uso de substâncias tóxicas em seus produtos e processos produtivos. O governo, por sua vez, precisa criar regulamentos mais rígidos para a gestão de resíduos plásticos e o uso de químicos perigosos. O Outubro Rosa é uma oportunidade para refletirmos sobre a necessidade de mudanças sistêmicas. Reduzir a poluição plástica não é apenas uma questão de salvar o meio ambiente, mas de salvar vidas. Como consumidores, também temos um papel a desempenhar: cobrar de empresas maior responsabilidade e buscar alternativas mais seguras para o dia a dia.

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