Sob o ponto de vista multilateral, existe o temor de retrocesso nas agendas, especialmente as defendidas pelo Brasil, que ocupa pela primeira vez a presidência do grupo das maiores economias do mundo.
Para o pesquisador do Núcleo de Inteligência Internacional da Fundação Getúlio Vargas e professor de Relações Internacionais do Ibmec, Leonardo Neves, não é possível avaliar os compromissos que os Estados Unidos assumirão no G20 diante do novo contexto político.
"Não é claro se o governo Biden vai assumir compromissos, ou enfim, tentar avançar no debate em que ele sabe que muito possivelmente, ou quase que certeiramente, daqui há dois meses, o governo do presidente eleito Donald Trump, então por consequência ele iria desfazer tudo".
Também o pesquisador da Universidade de Harvard, Vitelio Brustolin, destaca o reflexo da eleição de Trump em debates multilaterais sobre a questão climática...
"No ano que vem o Brasil é sede da COP 30 em Belém do Pará. O Trump anunciou a saída do acordo de Paris, do acordo climático, em 2017, e saiu de fato em 2019. A gente não tem certeza se os Estados Unidos sairão novamente do acordo de Paris, porque no governo Biden os Estados Unidos voltaram para este acordo".
Para Márcio José Melo Malta, professor Associado de Relações Internacionais da Universidade Federal Fluminense, a atmosfera durante a Cúpula do G20 vai ser outra.
"Mesmo que o G20 aconteça antes da posse do Trump, afinal de contas ele foi recém-eleito, é claro que o clima vai mudar. Afinal de contas vai ficar aquela sensação de que talvez o novo ciclo político tenha se iniciado e a dificuldade de conciliação, como já havia sinalizado. Esse tipo de campo político não valoriza o multilateralismo. Costuma esvaziar esses espaços".
O especialista também reforça que esse seria um bom momento para Joe Biden, que está se despedindo da Casa Branca, encerrar o mandato, enaltecendo o papel do G20 perante o cenário político internacional.
Agência Brasil 61