Os organizadores estimam que mais de 80 mil pessoas devem se inscrever para participar do encontro. Somadas, são mais de 1,5 mil horas de atividades voltadas para inovação, negócios, cultura e entretenimento, com cerca de mil palestrantes e debatedores em pelo menos 70 espaços da localidade.
Confira aqui a programação do evento.
Entre os realizadores do festival está o Porto Digital, uma iniciativa que nasceu há 24 anos e que viabilizou a organização de 415 empresas (em geral startups), que hoje empregam 18,4 mil pessoas, que produzem principalmente software. Segundo o presidente do Porto Digital, o professor Pierre Lucena, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), os produtos realizados têm impacto social direto, inclusive em comunidades periféricas do estado. "Não se faz inovação sem povo e sem a periferia", considera. Ele citou o programa de fomento denominado "Embarque Digital", parceria com a prefeitura da capital, que viabiliza o benefício de 600 bolsas para que pessoas em vulnerabilidade possam estudar tecnologia.
Festival de tecnologia no Recife reúne mais de 80 mil pessoas até sábado. Foto Vicktor Veitosa/Festival REC'n'Play/DivulgaçãoSegundo ele, o REC'n'Play tem o objetivo aproximar o público de temas como tecnologia, inovação, economia criativa e empreendedorismo. Nesta edição, as atividades são divididas nos eixos temáticos das cidades e sociedade, economia criativa, negócios e tecnologia. No primeiro dia do evento, filas se formaram para participar das arenas de gamers e de robôs. Espaços para desenvolvimentos de negócios também foram acessados.
Logo que foi instalado no centro do Recife (a região que era evitada pelos pontos de drogas e furtos), o projeto passou a atrair novo cenário de participação popular. "O Porto Digital tem dois propósitos: o primeiro é fazer o restauro do tecido urbano central no bairro do Recife. E o segundo, o de ser esse projeto gerador de emprego e renda.
"É possível transformar"
De acordo com o professor Silvio Meira, emérito da UFPE, empreendedor na área de engenharia de software e um dos fundadores do Porto Digital, a iniciativa do evento busca renovar e redesenhar perspectivas para as pessoas no centro histórico do Recife. "Começamos (em 2000) com cinco empresas e 46 pessoas. Hoje, são quase 20 mil pessoas trabalhando e cerca de R$ 6 bilhões de faturamento. É possível transformar os centros das cidades, mas é preciso resiliência e determinação", afirma.
Para Meira, a iniciativa ajudou a alterar o cenário urbano no lugar mais precioso da cidade. "A gente precisou fazer um conjunto de operações para promover a inovação, por meio do Porto Digital, para reviver a cidade. É isso que você está vendo aí no meio da rua".
Desafios
Apesar dos avanços, conforme Pierre Lucena, as novas empresas de tecnologia têm uma série de desafios. Ele considera que um dos principais é a formação de trabalhadores. Outro é a atuação por um modelo de negócio adequado para a formação de mercado
Brasília - Presidente do Porto Digital, o professor Pierre Lucena. Foto Pierre Lucena/Arquivo pessoalDiante do mercado em expansão, Lucena entende que não há dúvida de que, nos próximos anos, o setor permaneça em crescimento, inclusive tendo em vista a necessidade de permanente atualização dos profissionais, como é o caso das dinâmicas de ação das empresas de inteligência artificial. "Para o próprio mercado de tecnologia, um dos grandes desafios que a gente tem agora é treinar capital humano", diz.
Projeto nacional
Ele identifica a necessidade de mais instituições de ensino superior e também de técnicas e profissionalizantes para oferecerem mais vagas. "Nos cursos presenciais no Brasil todo, só 29 mil pessoas são formadas em cursos de tecnologia da informação por ano. O curso de direito forma mais de 110 mil. Esse é um problema fundamental: a ausência de um projeto nacional de formação para a área", disse Pierre Lucena.
Ele lembra que em países como a Índia e Portugal aulas de programação são trabalhadas desde a infância. O professor considera que se trata de um promissor campo de trabalho e pesquisa para quem desejar ingressar no curso. Para Lucena os campos das plataformas de inteligência artificial ou mesmo de segurança cibernética podem ser promissores para o futuro da tecnologia.
*O repórter viajou a convite do Porto Digital
Agencia Brasil