Criança perdendo a vida por bala perdida, policiais mortos, troca de coronéis, e nada parece surtir efeito na tentativa da Polícia Militar na retomada de territórios tomados pelo PCC em relação ao tráfico de drogas no litoral sul paulista. O enfrentamento direto com incursão de policiais tem gerado efeitos colaterais graves, como foi visto após a morte do menino Ryan da Silva Andrade, de 4 anos, durante uma ação no Morro do São Bento, em Santos, na última terça-feira (5). No episódio, dois adolescentes, de 15 e 17 anos, foram baleados, sendo que o mais velho morreu. Uma mulher também foi atingida de raspão por um tiro, mas não corre risco de morte.
De acordo com a PM, durante a coletiva de imprensa realizada ontem (6), mesmo sem idade para ter habilitação, um dos adolescentes conduzia uma moto na tentativa de fuga. Ainda conforme a polícia, nas redes sociais, os menores ostentavam armas de fogo. A coluna pediu às imagens citadas e aguarda retorno do setor de comunicação. Também foram pedidos os antecedentes de atos infracionais dos adolescentes envolvidos.
A questão é que a morte de uma criança põe em cheque a atividade militar no enfrentamento ao crime organizado nos territórios às margens do maior porto da América Latina, utilizado para escoar a droga no tráfico internacional. Pelo que a coluna apurou junto as fontes extraoficiais, os sete policiais militares envolvidos na ação estão presos no Batalhão no que a PM chama de aquartelamento. Nenhum deles usava câmeras corporais para comprovar a versão estabelecida durante a coletiva de imprensa, onde o porta-voz, coronel Emerson Massera, afirmou que houve troca de tiros.
O representante da PM disse na coletiva que havia um grupo de dez pessoas que teriam atirado contra os policiais, que revidaram a injusta agressão. Mas a versão é negada por moradores do Morro do São Bento, que garantem que os dois adolescentes estavam andando de moto e que só os policiais atiraram. Um dos vídeos conseguido por fontes da coluna, mostra o momento da ação militar. Massera também disse que "provavelmente" o disparo que matou a criança partiu da arma de um policial.
Essas ações na tentativa de enfrentamento ao crime organizado com pessoas perdendo a vida já resultaram até mesmo em mudança de comando da Polícia Militar na Baixada Santista. O coronel Rogério Nery Machado foi oficializado no comando do batalhão que também cuida do Vale do Ribeira. Quem estava à frente das áreas antes, era o coronel Leandro Pereira Lima, transferido para Diretoria de Pessoal da PM na capital.
De acordo com fontes ouvidas pela coluna, a substituição se deu, justamente porque o comandante substituído era contra incursões que podiam resultar em mortes, conforme determinações direcionadas pela Secretaria de Segurança Pública do estado de São Paulo. A coluna não conseguiu contato com o coronel realocado do posto e aguarda resposta da SSP sobre a apuração destacada neste texto.
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