Desde o início da invasão da Ucrânia pela Rússia, em 24 de fevereiro de 2022, que gerou uma guerra entre os dois países e já ultrapassou o milésimo dia, o atual momento parece ser o de maior tensão.
Embora a Ucrânia conte com o apoio estratégico da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), uma aliança militar formada por países da América do Norte e da Europa, a recente decisão do presidente dos EUA, Joe Biden, de enviar armas avançadas, incluindo mísseis de longo alcance e minas antipessoais, representa uma intensificação significativa do auxílio americano ao exército ucraniano.
A decisão de autorizar o uso dos Sistemas de Mísseis Táticos do Exército (ATACMS) dentro da Rússia estava sendo analisada há meses, segundo a CNN Brasil.
As autoridades americanas estavam divididas sobre a conveniência dessa nova capacidade. Alguns temiam uma escalada no conflito, enquanto outros se preocupavam com a redução dos arsenais de armas.
A autorização para o uso de mísseis de longo alcance e minas antipessoais reflete uma mudança na política dos EUA, ao final do governo democrata, permitindo que a Ucrânia ataque alvos dentro do território russo.
Essa medida aumentou as tensões entre as duas nações e já provocou uma resposta mais agressiva da Rússia, após a Ucrânia ter lançado, pela primeira vez, mísseis de cruzeiro britânicos Storm Shadow contra a Rússia. O ataque ao território russo aconteceu na terça-feira (19).
Esse episódio ocorre um dia após Kiev também utilizar, além de suas fronteiras, mísseis de longo alcance ATACMS, de fabricação americana.
[banner_de_paragrafo_1]Resposta russa
Como reação, a Rússia lançou nesta quinta-feira (21) um míssil balístico "experimental" de alcance intermediário contra a cidade de Dnipro, na Ucrânia, a 1.000 km de onde foi lançado.
Essa é a primeira vez que as tropas russas utilizam esse tipo de armamento na guerra de agressão contra Kiev.
Os alvos foram "fábricas e infraestruturas críticas" da cidade. O ataque resultou em duas pessoas feridas.
Em um discurso televisionado para o país, o presidente russo Vladimir Putin alertou que os sistemas de defesa aérea dos EUA seriam incapazes de interceptar o novo míssil, que, segundo ele, é capaz de alcançar dez vezes a velocidade do som. O armamento foi nomeado Oreshnik, em referência à árvore que produz avelãs, conhecida na Rússia.
Putin também afirmou que o conflito apresenta características de uma guerra "global" e não descartou a possibilidade de ataques contra países ocidentais.
Ele declarou que o novo míssil Oreshnik poderia ser utilizado para atacar qualquer aliado da Ucrânia cujos mísseis sejam empregados para atacar a Rússia.
"Consideramos que temos o direito de usar nossas armas contra as instalações militares daqueles países que permitem que suas armas sejam usadas contra as nossas", afirmou, em referência ao uso de mísseis britânicos e americanos pela Ucrânia.
"Um conflito regional na Ucrânia, anteriormente provocado pelo Ocidente, adquiriu elementos de caráter global", completou.
Uma autoridade dos EUA afirmou que a Rússia notificou Washington pouco antes do ataque.
[banner_de_paragrafo_2]Míssil mais potente
Mais cedo, a Força Aérea Ucraniana acusou a Rússia de usar um míssil ainda mais potente, o míssil balístico intercontinental (ICBM), com alcance de 5.800 quilômetros, que entrou em serviço na década de 2010.
A porta-voz adjunta do Pentágono, Sabrina Singh, confirmou, no entanto, que a versão de Putin sobre o armamento usado ser um novo tipo experimental de míssil de alcance intermediário, capaz de atingir até 5.500 quilômetros, é precisa.
Essa distância já é considerada preocupante em conflitos desse tipo. Segundo a Ucrânia, o míssil foi disparado da região russa de Astracã, localizada a mil quilômetros de Dnipro.
Segundo Washington, o novo míssil russo carregava múltiplas ogivas convencionais e, apesar do alcance menor, é baseado no míssil balístico intercontinental RS-26 Rubezh. Assim como o Rubezh, o Oreshnik tem a capacidade de carregar ogivas nucleares.
O ataque ocorre após os EUA, Espanha, Itália, Grécia e Portugal terem fechado suas embaixadas em Kiev na quarta-feira devido ao risco de um bombardeio russo massivo contra o território ucraniano.
A ação ocorreu depois que sirenes de ataque aéreo foram ativadas na capital ucraniana várias vezes durante a noite, informou a CNN Brasil.
Escalada no conflito
O uso de um novo míssil na guerra na Ucrânia ocorre em um momento em que o conflito ganha uma dimensão internacional, com a chegada de tropas da Coreia do Norte para lutar ao lado da Rússia.
Com a autorização americana para o uso de mísseis, o Kremlin ameaçou escalar ainda mais o conflito. O ataque ocorre dois dias após o presidente russo, Vladimir Putin, assinar uma doutrina nuclear revisada, que prevê que ataques convencionais que ameacem a soberania da Federação Russa e de Belarus sejam respondidos com o uso de armas nucleares.
A doutrina, que substitui a promulgada em 2020, autoriza um ataque nuclear caso um ataque convencional inimigo represente "uma ameaça crítica à soberania e (ou) integridade territorial" de ambos os países, que formam a União Estatal Rússia-Belarus.
O documento também considera como "ataque conjunto" a agressão de um país que não possui armas atômicas, mas conta com o apoio – seja com ou sem participação direta – de uma potência nuclear.
A Rússia e seu papel profético
Na opinião do teólogo português Bruno dos Santos, a Rússia desempenha um papel relevante no cenário do fim dos tempos.
O colunista do Guiame, especializado em desenvolvimento de líderes e com vasta experiência acadêmica em Antigo e Novo Testamento, cita o texto de Ezequiel 38:7-8, que diz: "Prepara-te, sim, dispõe-te, tu e toda a multidão do teu povo que se reuniu a ti, e serve-lhe de guarda."
Para ele, o texto parece se renovar nos dias de hoje, com uma impressionante precisão cronológica nas palavras do profeta:
"O versículo 'Prepara-te, sim, dispõe-te...' faz eco aos preparativos de Putin para a guerra, que escalou desde a anexação da Crimeia em 2014", explicou.
E continua: "O profeta descreve um ataque contra uma terra recuperada, e a Ucrânia, após décadas de conflitos internos e externos, se encaixa nesse perfil. O povo ucraniano, formado por diversos povos do leste europeu, é descrito como forte e resistente, recuperado das batalhas, com uma história intimamente ligada à do povo judeu, especialmente em Kiev, onde muitos sobrenomes ucranianos têm origens judaicas".
Últimos dias
Outro estudioso que compartilha a mesma visão sobre o papel profético da Rússia na guerra com a Ucrânia é o escritor Joel Rosenberg. Em seu blog, ele publicou, há alguns anos, sobre uma possível relação entre eventos mundiais e os escritos de Ezequiel.
"O profeta hebreu Ezequiel escreveu há 2.500 anos que nos 'últimos dias' da história, Rússia e Irã formarão uma aliança militar para atacar Israel pelo norte", escreveu Rosenberg .
Ele explora abertamente as profecias do Antigo Testamento sobre o fim dos dias bíblicos e discute a possível inserção da Rússia nos acontecimentos atuais.
A revista "Philadelphia Trumpet", publicada pela Igreja Assembleia de Deus na Filadélfia (EUA), afirma que nos próximos anos haverá uma reviravolta impressionante nos eventos mundiais.
No artigo "Rússia e China na profecia", com base nos livros de Herbert W. Armstrong, escreve:
"Uma superpotência asiática gigante, como Rússia ou China modernizadas, estará no comando e afetará dramaticamente o curso da história".
Com isso, reforça a ideia de que os dois países estão fortemente envolvidos nos eventos do fim dos tempos, sendo um deles a Rússia.
"De fato, à luz da profecia bíblica, devemos ver a ascensão da Rússia e da China como um provável gatilho para que este império se levante e ataque", diz o autor.
O artigo ressalta ainda a união de grandes potências, a propagação do comunismo, a possibilidade de uma Terceira Guerra Mundial e a crise global que a humanidade já está vendo acontecer.
Além disso, pode-se ver que aumenta o interesse por armas nucleares como estratégia de defesa. "Nunca vimos tantas profecias se cumprirem tão rapidamente", aponta.
"Tudo está acontecendo exatamente como Daniel e outros profetas profetizaram milhares de anos atrás. Esses eventos estão se aproximando da segunda vinda de Jesus Cristo", concluiu.
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