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Mais de 160 chineses resgatados da escravatura em obras da BYD no Brasil

Os trabalhadores trabalham para o Grupo Jinjiang, uma das empresas contratadas pela companhia chinesa para construir a fábrica em Camaçari, município da região metropolitana de Salvador, no estado da Bahia.


Os trabalhadores trabalham para o Grupo Jinjiang, uma das empresas contratadas pela companhia chinesa para construir a fábrica em Camaçari, município da região metropolitana de Salvador, no estado da Bahia.

Esta fábrica tinha sido anunciada pelo chefe Estado brasileiro, Lula da Silva, no início do mês, com a vice-presidente executiva da BYD, Stella Li, que afirmou que a fábrica de produção de veículos no Brasil seria a maior e mais avançada fora da China, onde tem a sede e a maior parte da produção.

Supostamente, até ao final de 2025, a unidade de produção brasileira deveria produzir 150 mil veículos, principalmente para abastecer os mercados sul-americanos, e em 2026 para 300 mil.

Segundo nota do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia, as condições dos trabalhadores, tanto no alojamento quanto no canteiro de obras, eram precárias e degradantes, com 60% dos salários a serem retidos pela empresa, assim como os passaportes.

Nos alojamentos, dormiam em camas sem colchões, não tinham onde guardar os seus pertences e "a situação sanitária era particularmente crítica, com apenas uma casa de banho para cada 31 trabalhadores", detalharam as autoridades.

Em zonas de alimentação, as cozinhas funcionavam em "condições alarmantes", sem armários para o armazenamento adequado dos alimentos, alguns dos quais se encontravam perto das casas de banho e em condições insalubres.

No estaleiro, havia apenas oito casas de banho químicas para cerca de 600 trabalhadores, que se encontravam em estado "deplorável", sem papel higiénico, sem água e sem manutenção adequada.

As autoridades constataram ainda que os trabalhadores estavam expostos a "radiações solares intensas", com "sinais visíveis de lesões na pele", e que se registaram vários acidentes de trabalho.

Referiram ainda que a situação dos trabalhadores era enquadrada como "trabalho forçado", uma vez que, para além da retenção de parte dos seus salários e passaportes, os trabalhadores enfrentavam punições severas se rescindissem o contrato.

Os trabalhadores poderiam perder 40% do salário retido e teriam que pagar do próprio bolso a passagem de volta para a China, além do custo da passagem que utilizaram para chegar ao Brasil.

De acordo com o MPT, alguns dos trabalhadores resgatados permanecem em alojamentos, enquanto outros estão num hotel.

Os alojamentos e as obras permanecerão sob embargo, não podendo ser exercidas quaisquer atividades até que estejam totalmente regularizados pelos respetivos órgãos de fiscalização.

Uma audiência virtual conjunta do MPT e do Ministério do Trabalho está marcada para quinta-feira, 26 de dezembro, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as medidas necessárias para garantir condições mínimas aos trabalhadores.

No início do mês, o Governo brasileiro indicou que fabricante de carros elétricos chinês BYD (Build Your Dreams), líder no setor, disse que previa começar a produzir veículos no Brasil a partir de março de 2025,

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