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Dono de três ouros paralimpicos, reverenciado pelos franceses e premiado, Gabriel Araújo diz que se sente "mais campeão" pelo carinho que recebe principalmente de crianças Gabrielzinho é multicampeão paralímpico e dá lições de felicidadeO brilho dos três ouros paralímpicos reluz desde Paris e segue acompanhando Gabriel Araújo, o Gabrielzinho, maior nome brasileiro nos Jogos na capital francesa, em agosto e setembro deste ano. O desempenho, as dancinhas que se tornaram marca no pódio, o sorriso, o carisma, tudo isso transformou a vida do mineiro de 22 anos. Ele mesmo revela umas das diferenças que sente no dia a dia.+ Gabriel Araújo é eleito melhor atleta paralímpico de 2024 por jornal francês+ Gabrielzinho encerra "ano mágico" com título da World Series de Natação+ Prêmio Paralímpicos: Gabriel Araújo e Carol Santiago são eleitos melhores atletas de 2024Gabrielzinho e sua mãe, Eneida, em Juiz de ForaFabio Grijó- As crianças não me veem mais como pessoa com deficiência, sem braços. Hoje me veem de outra maneira - disse o nadador à equipe da Globo que o acompanhou num fim de semana deste mês em Juiz de Fora e Chácara (MG).Gabrielzinho nasceu com focomelia, um má formação congênita que causa aproximação ou encurtamento dos membros. Ainda na gravidez, sua mãe, Eneida, começou a estudar sobre isso e também sobre direitos que seu filho e muitos outros têm. Ela descobriu, por exemplo, que todo aluno portador de deficiência tem direito a transporte escolar gratuito.+ Fã pede encontro em cartinha e se emociona com abraço em Gabrielzinho: "Você me inspira"+ Gabrielzinho se junta a Gilberto Gil e Rebeca Andrade e vai estampar selo dos Correios+ Gabrielzinho resume efeito da fama pós-Paris: "Antes corriam de mim, hoje correm para tirar fotos"- Eu fui atrás não apenas pelo meu filho. Ele ia crescer e outros viriam depois - contou Eneida. - As crianças se emocionam e falam "você é de verdade?". Igual ele fala: "Antes, as crianças corriam dele e, hoje, correm para abraçá-lo". O Gabriel sempre foi uma criança feliz, nunca reclamou da vida, sempre com sorriso no rosto. Ele prova o quão gigante ele é, o diferente nele é porque ele tem muita confiança nele.Gabrielzinho organizou uma pelada beneficente que arrecadou cestas básicas em 14 de dezembro, em Chácara, cidade vizinha de Juiz de Fora. Reuniu a família, amigos que viajaram mais de 11 horas de Corinto, município mais de 380 quilômetros distante onde nasceu o atleta. Pelo menos 40 lotaram um ônibus. Nem a chuva forte daquele sábado atrapalhou a festa de Gabrielzinho. Fãs lotaram o estádio municipal.- Se fosse para deixar de ganhar as três medalhas de ouro e ficar só o carinho de todo mundo, para mim já está de ótimo tamanho. Eu me sentiria mais campeão ainda do que com três medalhas no peito - disse o multicampeão.Gabrielzinho com a terceira medalha de ouro nas Paralimpíadas de Paris 2024ReutersEle soma cinco ouros em Paralimpíadas: 50m e 200m livre em Tóquio 2020 e 50m costas, 100m costas e 200m livre em Paris 2024. Gabrielzinho compete na classe S2, para nadadores com deficiência física severa (por exemplo, problemas severos de coordenação em todos os membros, alto grau de perda de função). São também seis ouros em Mundiais.+ Natação paralímpica: como funciona, regras, história e mais+ Gabriel Araújo estuda Jornalismo e sonha em trabalhar com futebolO sucesso é moldado na parceria com o técnico Fábio Antunes, com quem trabalha desde 2015. A comissão técnica analisou o corpo de Gabrielzinho e suas habilidades para desenvolver técnicas específicas para ele nadar mais rápido. Com isso, o talento se tornou o número 1 no nado de costas.Fenômeno nos Jogos Paralímpicos, Gabrielzinho passeia na Torre Eiffel no adeus a ParisNum ano em que foi premiado e realizou sonhos como conhecer a torre Eiffel, maior símbolo da Paris onde brilhou e encantou os franceses, Gabrielzinho ainda tem mais pela frente. No esporte, mira as Paralimpíadas de Los Angeles, em 2028. Em conversa, revelou que quer ser pai. Sem prazo estabelecido ainda. Quer retomar a faculdade de jornalismo, trancada neste segundo semestre.Gabrielzinho conhece pontos turísticos de Paris e tiro foto na Torre EiffelGiovana PinheiroEle busca se fortalecer num desenho que a família carrega.- A tatuagem é o meu pé dado na mão da minha irmã e escrito ohana, família, nunca abandonar ou desistir. Eu fui buscar o sonho, o conforto de todo mundo. A gente sabe que, quando precisar, pode contar um com o outro.Fabiana resume o que foi 2024 para o irmão.- Hoje ele consegue mostrar para as pessoas quem ele é além das piscinas, e isso foi mais uma realização de 2024.Os ouros de Gabrielzinho em Paris100m costas S2Gabriel Araújo é medalha de ouro nos 100m costas S2 da natação das Paralimpíadas50m costas S2Gabrielzinho conquista a medalha de ouro nos 50m costas S2 da natação nas Paralimpíadas200m livre S2Gabrielzinho conquista o ouro, e Bruno Becker fica com a 5ª colocação nos 200m livre