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Rondônia

Após mais uma noite violenta, ônibus voltam a circular em Porto Velho

O sistema de transporte coletivo de Porto Velho voltou a operar parcialmente nesta quinta-feira (16).


Foto: Agência Brasil - EBC

O sistema de transporte coletivo de Porto Velho voltou a operar parcialmente nesta quinta-feira (16). Segundo a prefeitura da capital de Rondônia, a operação está sendo retomada gradualmente, com previsão inicial de que, ao menos hoje, os ônibus sejam recolhidos no início da noite.

A precaução deve-se ao fato de que, mesmo após o governo estadual anunciar o reforço do policiamento nas ruas, e agentes da Força Nacional de Segurança Pública desembarcarem na cidade para auxiliar os órgãos de segurança pública estaduais a conter uma série de ações criminosas orquestradas, novas ocorrências foram registradas durante a última noite.

Segundo a Polícia Militar (PM), na noite desta quarta-feira (15), ao menos dois homens que atiraram contra policiais que ordenaram que eles parassem foram mortos na BR-364, próximo ao distrito de Jaci-Paraná. A Polícia Civil também apura se outros crimes têm relação direta com a recente onda de crimes na região. Em um deles, homens armados passaram, de moto, em frente a um bar da zona leste de Porto Velho e dispararam contra os clientes, atingindo duas pessoas, sendo que ao menos uma dessas faleceu. Dependendo do resultado da investigação policial, o número de mortos violentamente na última noite pode chegar a oito pessoas.

Em nota divulgada esta manhã, a prefeitura de Porto Velho explicou que os ônibus voltarão a circular de forma escalonada, conforme os órgãos de segurança pública tiverem condições de garantir a integridade dos trabalhadores e usuários do transporte coletivo municipal.

Os ônibus deixaram de circular nesta segunda e terça-feira a pedido do Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Transporte Urbano de Passageiros do Estado de Rondônia (Sitetuper). Ontem, em entrevista à Agência Brasil, o presidente da entidade explicou que a categoria concluiu não haver condições de trabalhar em segurança depois que bandidos queimaram em torno de 12 ônibus e veículos particulares em Porto Velho e outras cidades rondonienses.

De acordo com autoridades locais, os ataques e as ameaças a trabalhadores são uma reação à Operação Aliança Pela Vida, Moradia Segura, cuja primeira fase a PM deflagrou no fim de 2024. Concentrada "nos dois maiores conjuntos habitacionais do estado" – construídos pelo governo estadual com recursos federais e que, segundo a PM, foram dominados por organizações criminosas –, a operação já resultou na retomada de cerca de 70 apartamentos invadidos por bandidos que expulsaram os moradores, bem como na apreensão de drogas e armas.

"A facção [criminosa] obtém lucro não apenas com a venda de drogas, mas também com roubos e com venda e aluguéis desses imóveis", afirma o comandante do 9º Batalhão, tenente-coronel Ewerson Pontes, em nota divulgada pela PM.

Na noite do último domingo (12), poucos dias após a PM deflagrar a primeira fase da operação, criminosos mataram a tiros o cabo Fábio Martins, do Batalhão de Polícia Ambiental. Já no dia seguinte, a corporação deflagrou a segunda fase da Operação Aliança Pela Vida, Moradia Segura, desta vez no conjunto habitacional Orgulho do Madeira.

Em nota, a própria PM reconheceu que mobilizou mais de 200 policiais em uma "resposta enérgica do Estado ao crime que vitimou o cabo Fábio Martins". Segundo a assessoria da corporação, cerca de 20 pessoas já foram presas nesta segunda fase da operação, e ao menos dois suspeitos de integrarem facções criminosas foram mortos ao reagir à ação policial.

Nas redes sociais, a PM afirma que os ataques orquestrados a ônibus e a veículos particulares buscam "afastar as guarnições [policiais] dos residenciais, já que o prejuízo ao crime tem sido de grandes proporções", com a apreensão de drogas, armas, retomadas de imóveis e detenção e identificação de suspeitos.

Na terça-feira (14), o Ministério da Justiça e Segurança Pública autorizou o envio à Rondônia de um efetivo da Força Nacional de Segurança Pública. Os agentes da tropa federativa permanecerão no estado por ao menos 90 dias, atuando nas atividades e nos serviços imprescindíveis à preservação da ordem pública e garantia da segurança das pessoas e patrimonial.

A presença dos agentes foi solicitada pelo governo estadual. Em nota divulgada ontem, a Secretaria Estadual da Segurança, Defesa e Cidadania (Sesdec) assegurou que os agentes da Força Nacional reforçarão as ações de combate a criminalidade deflagradas nas últimas semanas, resultando em mais de 350 abordagens, prisões e apreensões.

Nos últimos dias, além da tropa federativa, Rondônia recebeu reforços de outros estados, como Acre, Amazonas e Mato Grosso, que enviaram tropas e um helicóptero (mato-grossense) para fortalecer as operações locais.

Agencia Brasil

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