O tempo para a Índia ultrapassar a China como país mais populoso do mundo diminuiu e dentro de seis dias a liderança deve ser alterada, isso é o que aposta uma nova estimativa divulgada pela Organização das Nações Unidas (ONU) nesta segunda-feira, 24. “A China vai ceder em breve a primeira posição que ocupou por muito tempo como o país mais populoso”, informou em nota publicada em Nova York o Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas (DESA). Até o final de abril, a Índia terá 1.425.775.850 de habitantes, “igualando e superando a população da China continental”, especifica o documento. A projeção inicial apontava que a Índia superaria a China até o final do ano, depois foi reduzido para o meio do ano e agora ganhou uma nova data. “A população da China alcançou um pico de 1,426 bilhão de habitantes em 2022 e começou a diminuir. As projeções indicam que o tamanho da população chinesa poderia cair para menos de um bilhão no final do século, enquanto a população indiana continuará crescendo por várias décadas”, diz o diretor do departamento, Li Junhua.
De acordo com os dados oficiais publicados no início do ano, a população da China diminuiu no ano passado pela primeira vez desde 1960-1961, ocasião em que se registrou que a fome, iniciada em 1959, causou dezenas de milhões de mortes como resultado da política econômica do “Grande Salto Adiante” decretada por Mao Tsé-Tung. Paradoxalmente, a queda populacional na potência asiática ocorre após a flexibilização da política do filho único, estabelecida em 2021. O custo de vida e os anos da medida de controle de nascimentos no país seriam algumas das causas da baixa natalidade, a qual se soma a educação e a inserção da mulher no mercado de trabalho, que atrasam cada vez mais a idade da maternidade. A Índia, por sua vez, não tem dados oficiais sobre o número de habitantes desde o último censo demográfico em 2011. O novo censo, realizado a cada dez anos, deveria ter sido feito em 2021, mas foi adiado pela pandemia de covid-19. Apesar disso, os críticos ao governo nacionalista hindu do primeiro-ministro Narendra Modi o acusam de atrasá-lo deliberadamente para não ter que divulgar dados confidenciais, como o desemprego, antes das eleições nacionais em 2024. A economia indiana tem tido dificuldades para criar empregos para os milhões de jovens que entram no mercado de trabalho a cada ano. Metade da população do país tem menos de 30 anos.
O que muda com a Índia sendo mais populosa?
Nova Délhi e Pequim competem por influência na Ásia e no panorama internacional. O status de país “mais populoso do mundo” poderia reforçar a Índia como potência em ascensão, cortejada pelo Ocidente para conter a influência da China. Esse domínio demográfico poderia servir de argumento para Nova Délhi conquistar um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, almejado pela Índia há muito tempo. O país tem mais habitantes do que os quatro membros permanentes do Conselho de Segurança juntos – Estados Unidos, Rússia, França e Reino Unido – que compõem a organização junto com a China. Entretanto, responder às necessidades de uma população tão grande apresenta grandes desafios, especialmente no âmbito do meio-ambiental e da infraestrutura. Uma força de trabalho abundante e jovem traz, no entanto, vantagens econômicas. A Índia é a grande economia que mais cresce no mundo e já ultrapassou o Reino Unido como o quinto país mais rico em termos de Produto Interno Bruto (PIB).
*Com informações da AFP
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