A meta de inflação tem um centro e uma banda de tolerância. Por exemplo, no ano passado, a meta era 3,5%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, ou seja, limite inferior de 2% e superior, de 5%. Entretanto, a meta foi estourada porque a inflação encerrou 2022 em 5,79%. Para este ano, o centro da meta é 3,25%, com tolerância de 1,5 ponto percentual.
“Quando a gente olha a situação do Chile, da Colômbia e do Peru, que têm sistemas de metas parecidos, o número de vezes que estourou a banda foi muito parecido com o do Brasil. Alguns outros países, obviamente do mundo desenvolvido, [o número foi] um pouco menor”, acrescentou.
De acordo com Campos Neto, o sistema de meta de inflação brasileiro tem “uma meta cadente”, que vem “meio caindo”, chegando a 3% em 2024, disse ele ao lembrar que a meta é determinada pelo governo, cabendo ao Banco Central executá-la de forma autônoma, em termos operacionais.
Também participaram da sessão de debates os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet.
O presidente do BC reiterou as defesas que faz do sistema de meta. “Olhando a literatura e estudando os casos, a gente vê que em alguns momentos de fato você teve descolamento do sistema de metas, por diversas razões.”
“As mais comuns, por considerarem valer mais a pena trocar um pouco mais de inflação por crescimento. Essa é a razão mais comum do descolamento do sistema de meta”, disse. “Tem uma segunda, que acredita que o fiscal não é tão relevante nesse tripé do sistema de metas, e que se pode testar um fiscal um pouquinho mais frouxo. Foi o caso da Inglaterra recentemente, onde, inclusive, o primeiro-ministro caiu após essa tentativa. Houve uma reação rápido de mercado, e então [a tentativa] teve que ser abortada”, acrescentou.
“E tem os casos de emergentes mais conhecidos, como a Argentina e Turquia, que começaram a ter uma troca entre inflação e crescimento, com a visão de que se pode ter inflação mais alta para, depois, crescer. No final das contas, há mais inflação e menos crescimento”, complementou.
*Colaborou Kelly Oliveira