Durante o período da ditadura militar, viveu um exílio que durou 13 anos.
Durante o período da ditadura militar, viveu um exílio que durou 13 anos. Ao longo deste período ele atuou como professor visitante e pesquisador em universidades na França, como a Sorbonne, em Paris. Também lecionou no MIT, nos Estados Unidos, na Venezuela, no Peru, Canadá e na Tanzânia. Na volta do exílio, o professor lecionou na USP (Universidade de São Paulo) e UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro)
Luciana Modé, coordenadora do Observatório Itaú Cultural, considera que o legado de Milton é de extrema importância para pensar o papel do pensamento científico dos países do hemisfério sul. “O Milton, assim como outros intelectuais negros, passou por processos de esquecimento e desvalorização, e ele produziu uma obra que se pretende verdadeiramente transformadora, que faz bastante sentido nos dias de hoje”, afirma.
A relevância da obra de Milton Santos, para a coordenadora, é também a capacidade de diálogo com o que acontece atualmente no mundo, principalmente em relação às desigualdades sociais e aos modelos de desenvolvimento excludentes.
Materiais para a prática pedagógica
Suas contribuições também são basilares para o debate dentro da sala de aula: o geógrafo não se restringiu ao espaço geográfico de “onde” as sociedades vivem, mas sim “como” vivem. Assim,estudantes podem se reconhecer e os educadores conseguem investir em protagonismo para pensarem, em conjunto, vida e aspectos locais da comunidade escolar.
Entre as atividades possíveis baseadas no trabalho de Milton Santos, sugere Luciana, a escola promover com a turma um reconhecimento de território, conhecendo o espaço físico e, a partir disso, construir um debate sobre o bairro onde a escola está inserida e até mesmo pensar projetos nessas áreas que estejam alinhados com as disciplinas.
Como uma extensão à exposição, está disponível gratuitamente na plataforma Polo um curso sobre quem foi o geógrafo. Intitulado “Milton Santos: cidadão do mundo e geógrafo das quebradas”, a formação é autoinstrucional e possui carga horária de 10h e é conduzida por um dos ex-alunos de Milton Santos, o ativista social Billy Malachias.
“O curso segue a trajetória socioespacial de Milton Santos e os principais conceitos desenvolvidos em sua perspectiva teórica. Apresenta aspectos da vida e obra dele e mostra alguns dos principais conceitos e ideias do autor, para contribuir e fornecer subsídios para as práticas pedagógicas em sala de aula”, afirma o texto de apresentação do curso. Ao todo, são cinco módulos temáticos: A trajetória socioespacial; O espaço geográfico; Os circuitos espaciais da economia; O lugar do cidadão e A globalização.
Além dessa formação online, haverá encontros presenciais no dia 19 de agosto e 2 de setembro. Clique aqui para conferir a agenda.
Arte e poesia
As iniciativas que falam sobre o geógrafo também abrem espaço para discutir arte e poesia de maneira transversal à obra do professor brasileiro. Para a exposição, o poeta Sérgio Vaz produziu o poema “Miltongrafia”, exclusivo para a atividade.
No mapa-múndi
Ele Brota em Macaúbas
E colhe África onde se planta
Periferia.
Na superfície da pele
cor de petróleo
– terreno fértil para estudar o passado
e entender o futuro,
escorre o suor da
sabedoria.
Além disso, a atividade Territórios Culturais Periféricos, que faz parte do projeto Arte na Rua, também alinha conceitos de território com literatura. A programação vai de 13 de agosto a 3 de setembro, em frente ao Itaú Cultural, na Avenida Paulista, em São Paulo.
Playlist com Entrevistas no Youtube
Documentário: Encontro com Milton Santos: o mundo global visto do lado de cá