Todas as mesas, palestras e outras atrações são abertas e gratuitas, programadas para receber o público em diferentes pontos do centro histórico da cidade mineira. Paracatu fica a 500 km de Belo Horizonte, mas apenas a 250 km de Brasília. A estimativa de público, segundo os organizadores, é de 30 mil pessoas.
"Paracatu é uma cidade que tem 73% da sua população negra. É uma cidade histórica que remonta à exploração do ouro e também de escravidão e resistência, que ainda necessita de de ser visibilizada pelo país inteiro", afirma o curador e idealizador do festival, Afonso Borges, em entrevista à Agência Brasil. Ele contextualiza que os moradores e visitantes respiram arte no local com mais de 600 espaços tombados pelo Iphan. A obra do escritor Afonso Arinos (1868 - 1916), que nasceu na cidade, vai ser homenageada no festival."A gente vai discutir a questão do racismo estrutural e a ancestralidade, que modulam a nossa pauta dos nossos dias com pelo menos 60 autores presentes".
Outros autores confirmados no festival trazem trajetórias, estilos e experiências diversas. Adriana Abujamra, Amosse Mucavele, Bianca Santana, Calila das Mercês, Carla Akotirene, Cármen Lúcia, Danilo Miranda, Eliana Alves Cruz, Eduardo Neves, José-Manuel Diogo, Jamil Chade, Juliana Monteiro, Kakay, Lívia Sant'anna Vaz, Luana Tolentino, Luiza Romão, Márcia Kambeba, Marco Haurélio, Matheus Leitão, Míriam Leitão, Nádia Gotlib, Paloma Jorge Amado, Paulliny Tort, Paulo Scott, Rafael Nolli, Renato Noguera, Ricardo Prado, Sérgio Abranches, Simone Paulino, Silvana Gontijo, Socorro Acioli, Taiasmin Ohnmacht, Tino Freitas, Tom Farias e Truduá Dorrico.
Telas
Além de literatura, outras artes estão contempladas no festival. Um exemplo é a exposição de 42 reproduções de telas em espaço aberto de Cândido Portinari (1903 - 1962). A mostra inédito Portinari Negro destaca o inconformismo e olhares do artista diante das representações culturais, da exploração, da opressão e do racismo. As obras ficam expostas na Praça Matriz de Santo Antônio.
De acordo com o curador da exposição, o professor João Candido Portinari, filho do artista, a seleção de trabalhos está ligada à principal inspiração do gênio brasileiro. "É a temática do povo preto em todas as suas representações, festejando e trabalhando, por exemplo", disse, em entrevista à Agência Brasil. Ele entende que a temática da ancestralidade do festival está em estreita consonância com a obra do pai. Ele testemunha que o olhar de Portinari denunciava a situação de opressão e miséria de pessoas que atravessavam o Brasil em busca de melhores condições. Isso ocorre, por exemplo, na clássica obra Retirantes.
"Ele viu famílias inteiras se arrastando pela estrada com filhos morrendo pelo caminho", recorda. O curador entende que Portinari tomou posições firmes diante de episódios de racismo que testemunhou. Sobre esse tema e a proximidade entre Portinari e escritores, ele fará uma palestra em Paracatu, no dia 23.
Além dos clássicos como Retirantes e O Mestiço, as obras do pai que João Candido Portinari mais aprecia, e cujas reproduções podem ser conferidas em Paracatu, são Casamento e Casamento na Roça. No ano em que se celebra 120 anos do nascimento do artista, conhecer mais sobre a obra dele levará o visitante a entender por que a arte faz a diferença e é atemporal.
Serviço:
Festival Literário de Paracatu – Fliparacatu
De 23 a 27 de agosto, de quarta-feira a domingo
Local: Programação presencial no Centro Histórico de Paracatu e programação digital no YouTube, Instagram e Facebook – @fliparacatu
Entrada gratuita
Informações: www.fliparacatu.com.br
Agencia Brasil