Educação Inovações em Educação

Envolver as crianças na cultura digital torna a escola mais democrática

No nosso CTE, temos à disposição tablets, notebooks, netbooks, computadores, projetores, alguns kits de robótica e um televisor.

Por Jose Marques Junior

10/09/2023 às 09:52:59 - Atualizado há


No nosso CTE, temos à disposição tablets, notebooks, netbooks, computadores, projetores, alguns kits de robótica e um televisor. No contraturno da escola, passei a recrutar alunos do 5° ano (e alguns do 4°) para atuarem como monitores de tecnologia em três dias da semana. 

Arquivo pessoal

Em cada turno, de 10 a 12 monitores são divididos em duas equipes, que passam um dia estudando e aprofundando os conhecimentos digitais, aprendendo a usar adequadamente todos os recursos do espaço. Nos outros dois dias, esses alunos atuam como monitores, apoiando colegas que realizam atividades com outros professores. E também auxiliando outros professores.

A prática tem como base a Competência Geral 5 da BNCC (Base Nacional Comum Curricular):
“Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.” 

Nesse sentido, o projeto estabelece uma relação de convivência e aprendizagem entre os monitores e os demais alunos: enquanto ensinam, também aprendem um pouco mais, utilizando os recursos tecnológicos do CTE com criatividade, responsabilidade e autonomia. 

Arquivo pessoal

Como funcionam as monitorias?

Nas aulas voltadas aos estudos, os monitores aprendem a usar a linguagem de programação em bloco, que é bem intuitiva e divertida de aprender, por meio do Scratch e do site Code.org.

A fim de dinamizar o processo de alfabetização das turmas mais novas, levando em consideração as dificuldades trazidas pelo período de distanciamento social, criei a prática “Alfabetizando com Scratch”. Propus aos monitores, sob minha orientação, que usassem a linguagem de programação em bloco Scratch para tentar criar histórias com o objetivo de trabalhar as habilidades de leitura, interpretação e produção textual. E os jogos foram levados como material de apoio aos professores do 1°, 2° e 3° anos.

Eles desenvolvem jogos e histórias, convertendo-as em textos narrativos, seja de forma escrita ou digitada. Assim, aprimoram habilidades de leitura, interpretação e produção textual. Os jogos, as histórias e os textos são compartilhados com toda comunidade escolar para que possam inspirar outros alunos. Inclusive, há jogos que eles criaram voltados aos colegas da educação especial. 

Para embasar a produção dos monitores e relacioná-la à aprendizagem dos alunos mais novos, consultamos a BNCC, especialmente a Competência n° 3, específica de língua portuguesa para o ensino fundamental. Ela trata, entre outros pontos, de ler, escutar, produzir textos orais, escritos e multissemióticos. Outras habilidades, como a EF15LP19, foram trabalhadas quando pedimos aos alunos que recontassem oralmente a história, e a EF01LP26 incentivou a turma a identificar elementos da narrativa. 

Realizamos um concurso com premiações simbólicas para o aluno com o desfecho mais criativo e para aqueles que recontaram a história com maior desenvoltura oralmente, conferindo a eles certificado de Contadores de Histórias. Esse contato dos monitores do 5° ano desenvolvendo atividades para os colegas do 1° ao 3° ano foi chamado de “Programando a Imaginação”.

E seguimos realizando diferentes ações com as turmas, como os “Recadinhos de Amizade”:

Ganhos coletivos

Tenho ensino superior em pedagogia, com 26 anos de trabalho. Já lecionei em todas as séries do 1° ao 5° ano, fui diretor escolar e, há cinco anos, estou na função de coordenador do CTE. Entendo que essa iniciativa, que trata da relação de convivência e aprendizagem entre alunos de faixa etária diferentes, traz ganhos para todos. Os estudantes passam a exercer protagonismo e liderança no ambiente escolar, na vida pessoal e coletiva.

O projeto “Convivendo e Aprendendo com as Tecnologias na Educação” realiza outras atividades baseadas nas competências e habilidades da BNCC e é voltado para uma escola mais participativa e inclusiva. Notamos, também, que os professores perderam o medo de usar os recursos tecnológicos, e, com o apoio dos estudantes, passaram a usar de forma mais efetiva o nosso CTE, espaço de grande importância para a escola.

Vale lembrar que o CTE é um espaço que dialoga com todos os outros da escola. Por isso, apoiar a metodologia que dá voz e protagonismo aos alunos democratiza, também, a gestão educacional, que entende e valoriza o papel ativo desses estudantes.

Fonte: PORVIR
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