O papa Pio XII conhecia a existência de campos de concentração e do extermínio de judeus, de acordo com uma carta encontrada nos Arquivos do Vaticano e publicada pelo jornal italiano “Il Corriere della Sera”.
O papa Pio XII conhecia a existência de campos de concentração e do extermínio de judeus, de acordo com uma carta encontrada nos Arquivos do Vaticano e publicada pelo jornal italiano “Il Corriere della Sera”. O documento inédito, datado de 14 de dezembro de 1942, foi localizado pelo arquivista Giovanni Coco, e servirá para tentar "esclarecer e compreender o terrível período em que Pacelli [Pio XII] liderou a Igreja”. "É um caso único, tem um valor enorme", acrescentou. A mensagem, enviada pelo jesuíta alemão antinazista Lothar Konig ao secretário particular do Papa, são descritas as atrocidades cometidas no forno crematório do campo de concentração de Bełzec, localizado na Polônia, e também menciona o “campo de Auschwitz“, afirma a reportagem do periódico.
De acordo com o pesquisados, a carta também faz referência a outras comunicações e representa "a única evidência de uma correspondência que teve de ser nutrida e prolongada ao longo do tempo" e que chamou a atenção da Santa Sé aos crimes nazistas. A carta foi encontrada em 2 de março de 2020 devido a permissão de acesso à estudiosos de todos os documentos relativos ao pontificado de Pio XII, que durou de 1939 a 1958. A Santa Sé nunca formulou uma condenação explícita do Terceiro Reich e seu regime, nem Pio XII indicou claramente os judeus como vítimas do extermínio em curso.
Embora alguns historiadores concordem que a posição da Igreja era delicada, por seu compromisso com a “imparcialidade” em relação aos conflitos, pois não podia deixar que descobrissem a ajuda clandestina da Igreja aos perseguidos. Havia, também, o medo de que os nazistas retaliassem os cristãos poloneses após a ocupação do país. Mesmo assim, o silêncio de Pio XII tornou seu próprio processo de beatificação, iniciado em 1967, altamente controverso dentro da Igreja Católica.