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Começa hoje no Rio 12º Congresso Brasileiro de Agroecologia

O 12º Congresso Brasileiro de Agroecologia (CBA) inicia atividades hoje (20), feriado da Consciência Negra, a partir das 9h, na Fundição Progresso.

Por Rede Vida Brasil

20/11/2023 às 07:31:30 - Atualizado há

O 12º Congresso Brasileiro de Agroecologia (CBA) inicia atividades hoje (20), feriado da Consciência Negra, a partir das 9h, na Fundição Progresso. O evento comemora 20 anos de existência e traz inovações para o Rio de Janeiro. As atividades vão ocupar ainda espaços como Passeio Público, Circo Voador, Associação Cristã de Moços, Escola Superior de Desenho Industrial da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Esdi/UERJ), Cine Odeon. A programação completa do evento pode ser acessada aqui.

Com o tema escolhido para este ano - Agroecologia na boca do povo - o encontro reafirma compromisso com a agricultura sustentável e a justiça ambiental. Iniciado em 2003, em Porto Alegre (RS), as atividades foram aumentando e se adaptando ao longo dos anos, na busca de respostas coletivas para desafios sociais, políticos e ambientais enfrentados pelo país.

Pela primeira vez fora de uma universidade, como ocorria tradicionalmente, o CBA se estenderá até o dia 23 deste mês. A mudança marca o retorno à normalidade após desafios enfrentados com a pandemia da covid-19.

Significados

Segundo o coordenador executivo da comissão organizadora, Paulo Petersen, a escolha do tema tem significado especiail. "É como se fosse a agroecologia entrando na boca do povo em forma de alimentação saudável, uma vez que voltamos a níveis da década de 1990 em relação à fome."

"Depois de muitos anos de políticas públicas, o país saiu do Mapa da Fome, mas voltamos muito rapidamente a essa situação. O que a gente diz, com essa afirmação da agroecologia na boca do povo, é que é preciso combater a fome com alimento saudável. E para produzir alimento saudável, tem que ser em base agroecológica".

Segundo Petersen, isso significa não só produzir alimentos sem química, sem agrotóxicos, mas também com processos saudáveis do ponto de vista da relação com a natureza e dos processos de trabalho.

"Hoje, a própria agricultura é responsável por boa parte da emissão de gases de efeito estufa. Falamos também da saúde do ponto de vista ambiental, planetário e não só da saúde humana. A agroecologia combina essa possibilidade de tanto alimentar o povo com alimento saudável, mas também fazer uma produção saudável com a natureza".

Celebração

A presidente da Associação Brasileira de Agroecologia (ABA), promotora do evento, Fernanda Savicki, afirmou que foram quatro anos de ausência de grandes encontros com a agroecologia. "Somado a isso, temos a retomada da democracia no cenário político nacional. É um momento de celebração da vida, porque o tema é, sobretudo, celebração da vida em todas as suas manifestações e diversidades", destacou.

Para ela, a agroecologia envolve uma transformação social ampla. "Reverbera no enfrentamento à fome, acesso à terra e territórios, direitos humanos e combate ao racismo e machismo, justiça ambiental, saúde, ciência, cultura e demais temas que se tramam na superação das crises sanitárias, climáticas e políticas atuais, que são profunda e essencialmente ecológicas, e trilham a construção de sistemas agroalimentares agroecológicos e na transformação social".

Mudanças climáticas

O coordenador do evento, Paulo Petersen considera a atividade aliada no combate às mudanças climáticas, contribuindo para a melhoria do meio ambiente, porque a produção de base agroecológica trabalha junto com a natureza, junto com os processos baseados na fotossíntese, no manejo de biomassa, em biodiversidade, produzindo bastante por área, mas sem consumir combustível fóssil. "Isso tem efeito grande na emissão de gases de efeito estufa."

Cerca de 5 mil pessoas participam do congresso. São pesquisadores, docentes, estudantes, técnicos, agricultores familiares, povos e comunidades tradicionais, além de ativistas de movimentos sociais, com impactos para a população local. O congresso aborda 16 eixos temáticos e será sede de dois festivais, sendo um de cinema e outro de arte e cultura, englobando música, exposições, dança, literatura e teatro.

Cinema, cultura e sabores

O Festival Internacional de Cinema Agroecológico (FicaEco) vai apresentar 215 obras inscritas de cinco países e 23 estados brasileiros. O Festival de Arte e Cultura da Agroecologia (Faca) tem 95 propostas artísticas, das quais 15 foram selecionadas para integrar a programação cultural do congresso.

O CBA 2023 promove a inovação na agricultura com o Terreiro de Inovações Camponesas, onde agricultoras e agricultores vão compartilhar conhecimentos e experiências.

Nos Barracões de Saberes haverá apresentações de atividades autogestionadas promovidas por pessoas e grupos envolvidos em práticas agroecológicas em todo o Brasil. Haverá também a exposição Muvuca de Sementes, que faz uma mistura de sementes nativas e crioulas, e o Memorial dos Encantados, ambiente criado para homenagear pessoas que atuaram pela agroecologia e morreram recentemente.

Comissão de Alimentação

Parte essencial é a Comissão de Alimentação, que fornecerá refeições baseadas em alimentos agroecológicos, com mais de 50 diferentes tipos de alimentos cultivados por agricultores familiares da região metropolitana do Rio. A equipe da cozinha conta com mais de 40 pessoas. A ala das Comedorias terá 32 barracas de grupos e empreendimentos solidários.

A Feira Saberes e Sabores conta com a participação de 260 feirantes. Com entrada gratuita, será realizada no Passeio Público, região central da capital fluminense, durante os dias 21, 22 e 23 de novembro, de 8h às 18h.

Estarão reunidos no espaço cerca de 300 agricultores, povos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais, com destaque para as diversas produções do estado do Rio de Janeiro e para as articulações das redes de agricultura urbana do Sudeste do país.

O objetivo da Feira Saberes e Sabores é comercializar produções nacionais em um espaço diverso, combinando alimentos e artesanatos que representam a diversidade da agroecologia no Brasil, proporcionando geração de renda, reconhecimento de tradições alimentares e oportunidades concretas de diálogos entre campo e cidade.

*Colaborou Tamara Freire, do Radiojornalismo

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