Em um mundo cada vez mais globalizado, a atualização é quase obrigatória em várias áreas, e uma das polêmicas que mais permeia a mídia atual é o crescimento do uso da chamada Inteligência Artificial.
Em um mundo cada vez mais globalizado, a atualização é quase obrigatória em várias áreas, e uma das polêmicas que mais permeia a mídia atual é o crescimento do uso da chamada Inteligência Artificial. Sim, há quem tema a tecnologia, e existe também quem não vive mais sem ela. Por isso, esta coluna se aventurou na 6ª edição do IT Day, organizada pela IT Lean, que aconteceu este mês em São Paulo. Diversos líderes à frente de inovação e tecnologia das empresas se encontraram para trocar experiências e conhecimento e, claro, fazer networking.
Minha missão enquanto comunicadora foi entender um pouco mais sobre esse novo cenário de IA e buscar explicações sobre os quatro mitos e verdades do segmento. Antes de comentar sobre os prós e contras da modernidade atual, penso que precisamos fazer um minuto de reflexão. É comprovado que a IA pode ser benéfica ao ser humano, quando utilizada da forma correta. Diversas pesquisas mundiais apontam avanços nas áreas de medicina, saúde mental, educação e logística de trânsito, por exemplo, no que se refere aos avanços do uso dessa tecnologia. De acordo com uma pesquisa (que fiz através da tal tecnologia polêmica): "o medo do desconhecido é algo muito comum entre os seres humanos. Isso ocorre porque nós, como seres conscientes, tendemos a sentir mais seguros quando estamos familiarizados com algo. O desconhecido pode trazer incertezas, inseguranças e a sensação de falta de controle, o que pode gerar ansiedade e medo. Nossa mente tende a preferir o que é conhecido, pois nos sentimos mais confortáveis quando sabemos o que esperar. No entanto, é importante lembrar que o desconhecido também pode trazer oportunidades de crescimento, descobertas e experiências emocionantes. Aos poucos, enfrentar o medo do desconhecido pode nos ajudar a ampliar nossos horizontes e a superar nossos limites" – texto gerado por um aplicativo de IA (para que você se familiarize com o que estamos falando, ok?). Até aqui, tudo é verdadeiro e bem tranquilo, certo? Então vamos aos mitos e verdades sobre esse assunto mais que atual que tem tirado o sono de muita gente.
Para me ajudar nessa empreitada, convidei Bira Padilha, CEO da IT Lean, organizadora do evento citado acima, para uma entrevista exclusiva. "Muito se fala em CHATGPT, IA, entre outras tecnologias, e a ideia é lembrarmos que o humano é o protagonista nesse episódio, e ele deve usar os recursos tecnológicos disponíveis para que ele tenha mais qualidade de vida" explica o especialista. Falar de Inteligência Artificial é fácil e, ao mesmo tempo, delicado. Isso porque há muito o que dizer, mas também há muitas incertezas. Essa é a abordagem típica de um tema que está no hype das conversas sociais, investimentos corporativos e, também, longe de ter seu apogeu evolutivo. "A cada resposta encontrada nesse assunto, três outros campos de estudo e evolução se ramificam com novas perguntas sendo assim, é mais aproveitável falarmos sobre fundamentações e sua relação com a humanidade, do que princípios técnicos. Machine learning, Deep Learning, Redes Neurais, Algoritmos Genéticos; vamos deixar isso para quando pacificarmos as fundamentações", ressalta.
A primeira grande pergunta que não quer calar: a IA irá substituir o humano no mercado de trabalho? Não. "Partindo de uma clara e evidente compreensão de que sempre haverá demanda por criatividade e inovação, sempre, portanto, haverá demanda para atuação humana no mercado. Em sua mais profunda atuação, a IA ainda é um meio para acelerar exponencialmente um processo correlacional matemático que nós, humanos, 'dizemos' a ela preliminarmente. O que não tivermos capacidade de quantificar, não conseguiremos 'dizer' para ela e, logo, ela não conseguirá correlacionar analiticamente. Por exemplo: um número, com um cheiro, com um estímulo visual, com um tom de voz, a temperatura do ambiente, minha pressão sanguínea, a carga de informações do passado de uma pessoa, com minhas projeções futuras de carreira, minhas memórias afetivas, traumas e aprendizados dos passados; tudo isso somado, pode me "dizer", sem que eu precise racionalizar sobre, como agir em um debate durante a reunião. Que IA, hoje, processaria todas essas variáveis tão distintas, de forma harmônica e natural, para criar um pensamento conclusivo único? Não existe", pontua Bira.
O segundo grande mito afirma que "a IA vai pensar por nós". De acordo com o especialista, isso nunca vai ocorrer, porque a IA não possui consciência ou intenção. Ela opera com base em padrões e dados informados preliminarmente a ela. "Embora ela consiga se auto aprimorar a partir desses dados (nunca conseguindo disruptar), qualquer aparência de compreensão é uma simulação com origem matemática e, portanto, se tirarmos o belo empacotamento pela qual as IAs estão nos maravilhando hoje, com textos, imagens, vídeos e outras formas de output, ela não traz nada além de probabilidades estatísticas de resposta para algo perguntado. Dito isso, somando ao fato de que o pensamento culmina em decisões/conclusões e ao fato de que somos moralmente responsáveis pelas nossas decisões, a IA perde nesse sentido o posto de pensadora e se torna um mero, porém belo, meio de facilitar o processo de pensar".
Mito número 3: a IA será um perigo para a humanidade, se tomar consciência. "Para quem se aprofunda no entendimento da consciência humana, essa frase é tão correta quanto dizer que o ar é líquido. Como a IA opera em padrões e dados pré-estabelecidos (já dito anteriormente), ela atuará com diretrizes de segurança racionalizadas e quantificadas a partir das nossas decisões do que é moral, seguro e ético. Portanto, a IA será um perigo se nós, orientadores do algoritmo, formos perigosos. Não ela; nós", explica o especialista.
E, finalmente, mito número quatro: IA é uma moda; é passageiro. Não, não é. A internet era uma moda passageira, a eletricidade era uma moda passageira, o veículo movido a combustão era uma moda passageira em sua época. "É comum, e até seguro para o ser humano quando falamos dos nossos princípios ancestrais de sobrevivência, definir que algo desconhecido sobre o qual não entendemos e controlamos, é algo que não devemos trazer para as nossas vidas. E aí, às vezes por medo no novo, tendemos criar narrativas para descredibilizar algo, afirmando para nós e para nosso meio que é algo passageiro. Contudo, a volumetria de aplicações reais e experimentações no mundo corporativo e pessoal, com suas resultantes facilidades que traz efetivamente (leia Verdade 3) para nossas vidas, reforça de forma clara e evidente que muito ainda há de ser explorado, extraído e integrado ao nosso modo de vida. Talvez nem todos permitirão que a IA se torne diretamente inerente em seus ritos de vida. Mas, indiretamente, não há como fugir de sua continua e crescente influência".
Além dos mitos, existem algumas verdades que devem ser ditas. Sim, a Inteligência Artificial irá substituir o humano no mercado de trabalho, em alguns casos em que a função seja automatizada, ou em cenários em que não há apenas demanda por processo criativo. Muitas das atribuições operacionais são orientadas pela busca da estabilidade, previsibilidade e repetibilidade. Portanto, se não há uma necessidade de arriscar, pivotar ou disputar, a racionalização é bem-vinda. Se eu racionalizo, cedo ou tarde, eu metrifico tal racional. E com a fórmula matemática, dou clareza para uma máquina com IA operar com base em dados pré-estabelecidos. Aí sim, falando sobre a velocidade e precisão para agir com base em lógica numérica, não há como competirmos".
Sim, a IA pode pensar por nós em alguma momentos. "Porém, diferentemente da brincadeira que fiz entre o mito 1 e a verdade 1, aqui não tem a ver com os tipos diferentes de pensamentos, mas sim com a nossa permissão e letargia mental para permitirmos que as máquinas comecem a tomar decisões por nós, meramente por probabilidades matemáticas. Resgatando o pacificado fato de que respondemos por nossas decisões, e que a IA é um ferramental que acelera uma avaliação probabilística, se a IA concluir pensamentos por nós, o equívoco será nosso e não dela. Somos infinitamente mais que mera lógica. Nunca podemos renunciar a isso", afirma o CEO da IT Lean.
É nítido que a IA veio para trazer mais comodidade para as nossas vidas, independente de gostarmos ou não e em segmentos distintos. Já existem registros de cirurgias cardiovasculares realizadas por um médico a 5.000 quilômetros de distância salvando uma vida, ou câmeras de segurança pública identificando em meio a uma multidão um foragido da polícia, trazendo segurança para a população. "Do simples aviso de sua geladeira sobre os itens que estão acabando com uma lista para seu celular até a plataforma de músicas e filmes que escolhe títulos de acordo com sua personalidade, a IA está presente e otimiza a vida de todos", afirma. Para finalizar, o executivo gostaria de frisar uma última questão como verdade: a IA pode ser usada de forma ética. "Pela terceira vez, digo: a IA não possui compreensão, consciência ou intenção. Ela opera com base em padrões e dados pré-estabelecidos. Por quem? Por nós. Portanto, o nível de ética pelo qual a IA atuará dependerá única e exclusivamente dos princípios e padrões éticos que nós determinarmos a ela. A ética e a moral serão sempre um princípio nosso, e sua manifestação, por consequência, sempre partirá de nós", finaliza.