Carlos Tavares, CEO da Stellantis, esteve presente no e-Prix de Misano de Fórmula E e foi em solo italiano que voltou a abordar um dos temas do momento no setor automóvel: a utilização dos combustíveis sintéticos no futuro.
Carlos Tavares, CEO da Stellantis, esteve presente no e-Prix de Misano de Fórmula E e foi em solo italiano que voltou a abordar um dos temas do momento no setor automóvel: a utilização dos combustíveis sintéticos no futuro.
Na opinião do português, um dos mais influentes na indústria, os carros elétricos não são a solução a longo prazo.
"Há uma coisa simples que nenhum político ainda comentou: Quantos carros, veículos de combustão interna, circulam agora no planeta? A resposta é 1.300 milhões. E estamos a discutir a venda de 10, 20 e 30 milhões de veículos elétricos a um preço elevado de um mercado de 85 milhões de carros por ano. E nós somos a parte rica do mundo", começou por dizer.
Carlos Tavares tentou ainda explicar um exemplo real de como é muito complicado para todos terem acesso a veículos elétricos.
"Sou produtor de vinho do Porto. Tenho pessoas a trabalhar nas vinhas, gente muito boa, grandes trabalhadores. Cada um deles utiliza a sua própria carrinha. As suas pick-ups têm 14 anos, motores diesel... a maioria delas são Nissan muito antigas. O valor delas em 2.ª mão é cerca de 1.500 e 2.000 euros. E eu vou vender uma pick-up na Europa com um motor elétrico. Se olhar para a concorrência, o preço destas é de 70.000 euros. Como posso dizer aos meu trabalhadores para abandonarem as susas Nissan de 14 anos e comprarem um bonito RAM de 75.000 euros, por exemplo? Esta é a realidade", frisou.
"Os combustíveis sintéticos são uma boa solução para os 1.300 milhões de carros a combustão interna que circulam pelas estradas. Porém, para que funcione, estes têm de estar muito perto das zero emissões. Sabemos que agora reduzem cerca de 70 ou 80 por cento. E têm que ter um preço que se possa pagar, o que não é o caso atual. Apoiamos o desenvolvimento destes combustíveis ecológicos e anunciámos publicamente que todos os nossos motores a combustão são compatíveis com combustíveis sintéticos", concluiu o empresário português.