O trágico acidente aéreo em Vinhedo nos faz refletir sobre o que acontece em situações tão graves.
O trágico acidente aéreo em Vinhedo nos faz refletir sobre o que acontece em situações tão graves. Entre os fatores que mais contribuíram para as mortes no acidente está o politraumatismo, um termo médico que pode soar complicado, mas que descreve algo muito sério: quando uma pessoa sofre várias lesões graves ao mesmo tempo em diferentes partes do corpo.
Imagine que, em um acidente, uma pessoa sofra uma fratura no braço, uma lesão na cabeça e uma hemorragia interna – tudo isso de uma vez. Esse é o tipo de situação que chamamos de politraumatismo. Ao contrário de um único machucado, como uma perna quebrada, essas lesões múltiplas tornam o tratamento mais difícil e urgente.
Quando as equipes de resgate chegam a uma cena de acidente, elas seguem protocolos bem definidos para tratar politraumatismos. O protocolo mais utilizado é o Advanced Trauma Life Support (ATLS), que prioriza a estabilização das vias aéreas, a manutenção da respiração, o controle da hemorragia e avaliação rápida das lesões. Essas ações são essenciais para dar à pessoa a melhor chance de sobrevivência.
No entanto, mesmo com toda a habilidade das equipes médicas, o politraumatismo traz muitos desafios. Dentre as principais complicações do politraumatismo podemos citar o choque devido a grande perda de sangue, trauma crânio encefálico, resposta inflamatória exacerbada, distúrbios de coagulação e o aumento da pressão dentro de um membro chamada síndrome compartimental. Desta forma, os médicos precisam agir de forma rápida e eficiente, tomando decisões críticas em pouco tempo.
Algo que faz toda a diferença em casos de politraumatismo é o tempo. Os primeiros 60 minutos após o acidente, muitas vezes chamados de "hora de ouro", são cruciais. Quanto mais rápido a pessoa for atendida, maiores são as chances de sobrevivência. Infelizmente, em acidentes aéreos como o de Vinhedo, devido a altíssima energia do acidente, os óbitos costumam ser inevitáveis e ocorrem rapidamente.
No caso de uma lesão específica, como um traumatismo craniano, o tratamento é focado na proteção do cérebro e na prevenção de inchaços que possam piorar a situação. Já no politraumatismo, os médicos precisam considerar todas as lesões juntas. Isso exige uma abordagem abrangente e cuidadosa, pois tratar uma lesão pode afetar outras, complicando ainda mais o cenário.
O acidente aéreo em Vinhedo nos lembra da fragilidade da vida e da importância de uma resposta rápida e eficaz em situações de emergência. Politraumatismo, com suas múltiplas lesões, representa um dos maiores desafios para os profissionais de saúde. No entanto, com avanços nos protocolos de atendimento e a dedicação das equipes médicas, as chances de salvar vidas em situações tão extremas continuam a melhorar.
Para todos nós, é um momento de reflexão sobre a importância de apoiar e valorizar o trabalho daqueles que se dedicam a salvar vidas em condições tão difíceis. E, acima de tudo, um momento para prestar nossas homenagens às vítimas e suas famílias, que enfrentam uma dor imensa em momentos como este.
*Por Dr. André Wajnsztejn – CRM 119701 SP / RQE 44706
Ortopedista Traumatologista no Hospital Israelista Albert Einstein