Manchetes amor

Dor de amor: dói mais que siso inflamado

A dor de amor pode acontecer em um fim de namoro ou por um amor não correspondido.

Por Rede Vida Brasil

25/10/2024 às 07:16:26 - Atualizado há

A dor de amor pode acontecer em um fim de namoro ou por um amor não correspondido. Também rola quando o ex arruma uma namorada ou quando se é traída. Nesse último caso, geralmente, ela vem acompanhada por um outro sentimento: ódio. Faz sentido, né? Recentemente, meu namorado terminou comigo. Num momento inesperado e sem dar motivo. “Sou eu, não é você.”. Isso não é motivo, é falta de imaginação. A primeira semana foi difícil. A segunda semana não foi fácil. Na terceira lavei o cabelo, fiz um babyliss e bradei: "Ele que arda no fogo do inferno". Estava pronta para tocar a vida e escrever essa crônica.

Uma das coisas que agrava a doença do amor são as lembranças. Não aconteceu comigo, mas ninguém lembra que o mal-parido esqueceu o aniversário de um ano de namoro e marcou de jogar pôquer com os amigos. Mas recorda daquela caixa de bombons que ganhou, cada qual com uma letra, formando "e-u-t-e-a-m-o". Ninguém puxa na memória o dia em que estava pronta para uma festa, perguntou "que tal?" e ele respondeu, apertando seus flancos: "Tá fofinha". Só que lembra que ele trouxe de viagem um creme hidratante da Victoria’s Secret (sabor merengue, mas enfim). Morreu vira santo, não é mesmo?

A doença do amor, quando é grave, pede repouso. Na verdade, não pede, ordena. Te derruba na cama com febre, daquelas que o termômetro não marca, mas queima a alma. Dor de amor é fratura exposta por olhos vermelhos, ombros caídos, lágrimas quentes resfriadas no rosto. Dói como um cantinho de pele da unha que a gente morde, não sai e inflama. Nos acorda na madrugada como uma dor de cabeça, sem Novalgina em casa. Dá mais falta de ar do que a minha asma, que é terrível. E, definitivamente, não melhora com 7 dias de antibiótico.

Outra coisa que atiça a dor de amor são as "coisinhas do casal". O certo é nunca mais entrar em contato com elas, mas, quando vê, já está ouvindo a playlist "Eternamente nós dois" — que pelo visto não era tão eterno assim —, enquanto vê as fotos de uma viagem que fizeram para uma praia linda. Nunca é uma foto dos dois, sem assunto, no trânsito na Marginal Tietê. Antigamente, o ritual incluía rasgar as fotos, recortar o rosto do maldito ou, até mesmo, rabiscar furiosamente a cara dele. Era terapêutico. Hoje em dia, com as fotos no celular, o que nos resta é apagá-las. Mas quem consegue?

Quem sofre de amor come o pão que o diabo amassou com rolo de macarrão. O coração não se decide: tem horas que bate mais rápido, tem horas que aperta, tem horas que vem na boca, tem horas que simplesmente para. O fato é que a música "Show das Poderosas", da Anitta, não está na nossa playlist, mas vai estar na minha. Uma boa noite de forró não fez parte das nossas noites de quarta, mas vai fazer das minhas. Ele não está na foto, devidamente postada, onde estou na academia, sorrindo, com uma legging e um top que me favorecem. Não é fácil lidar com alguns tipos de memória, mas, a verdade, é que, às vezes, chega a hora de fazer outras. E isso pode ser mais gostoso do que bombons românticos.

Fonte: jovem pan
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