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Narrações da televisão brasileira na Copa de 1974 reaparecem depois de décadas, mas lacuna ainda é grande

Incêndios nos acervos, reutilização de fitas e o descaso com a memória já causaram lacunas irreparáveis na preservação de acervos das emissoras de rádio e televisão.

Por Rede Vida Brasil

25/10/2024 às 09:18:12 - Atualizado há

Incêndios nos acervos, reutilização de fitas e o descaso com a memória já causaram lacunas irreparáveis na preservação de acervos das emissoras de rádio e televisão. Nos últimos anos, a consciência parece ter mudado, pois as empresas investem na digitalização e na catalogação de preciosidades. No entanto, os pesquisadores ainda enfrentam muitas dificuldades de acesso aos arquivos privados e estatais, principalmente por causa da burocracia.

Em relação à memória esportiva, o descaso também fez com que imagens históricas fossem perdidas para sempre. Eu sempre me perguntei: ainda existe algum registro em filme do "gol de placa" de Pelé, marcado contra o Fluminense, em março de 1961, no Maracanã? E as íntegras das narrações originais da Copa de 1970, por que só existem retalhos dos jogos? Muitas vezes precisamos recorrer a arquivos de outros países para contar histórias que se perderam no tempo aqui no Brasil

Entretanto, de vez em quando, somos surpreendidos com o reaparecimento de algumas raridades. Recentemente, com a morte de Silvio Santos, colecionadores de imagens da TV postaram na internet inúmeros vídeos do apresentador. O jornalista Fábio Marckezini, especialista em televisão, me repassou a edição do "Troféu Imprensa" de 1976, que premiava os melhores do ano anterior. Na categoria narrador esportivo, foram citados Geraldo José de Almeida e Walter Abrahão. Até aí, nenhuma novidade se não fosse por um detalhe. A gravação, em preto e branco, traz o gol de Rivellino contra o Zaire, pela terceira rodada da primeira fase da Copa de 1974, disputada na Alemanha.

O reaparecimento disso para mim foi surpreendente, pois o acervo da Globo deste Mundial, com Geraldo José de Almeida e os comentários de João Saldanha, foi perdido em um incêndio, no Rio, em 1976. Já as imagens da Tupi, com a transmissão de Walter Abrahão, desapareceram sem nenhuma explicação plausível. Ou seja, esse gol de Rivellino é, pelo menos até agora, o que sobrou dos jogos transmitidos pela Globo e a Tupi na Copa de 74, fato que deve ser comemorado. Como essa gravação do Troféu Imprensa está em preto e branco, eu fiz uma montagem com os áudios em cima de uma imagem em cores e em alta definição. Veja abaixo:

Em 1974, a campanha da seleção, ainda comandada por Zagallo, foi frustrante. A equipe nacional não era nem a sombra da que conquistou o título no México, em 1970, e já não contava mais com Pelé. O selecionado só não ficou de fora da fase seguinte, na Alemanha, graças à vitória diante do fraco Zaire por 3 a 0.

Primeira fase

Brasil 0x0 Iugoslávia
Brasil 0x0 Escócia
Brasil 3-0 Zaire

Segunda fase

Brasil 1-0 Alemanha Oriental
Brasil 2-1 Argentina
Brasil 0x2 Holanda

Decisão do terceiro lugar

Brasil 0x1 Polônia

Final

Alemanha Ocidental 2-1 Holanda

A grande sensação da Copa era a Holanda, comandada pelo técnico Rinus Michels, e que contava com o genial Cruijff. Entretanto, a "Laranja Mecânica" foi surpreendida na final pelos alemães, donos da casa: 2 a 1. Além da Globo e da Tupi, outras emissoras brasileiras compraram os direitos de transmissão do mundial de 1974.

Chamada publicada nos jornais da época (acervo de Thiago Uberreich)

A TV Cultura contava com as narrações do saudoso Luiz Noriega, pai do jornalista Maurício Noriega. A Bandeirantes, com Fernando Solera, a Gazeta, com Peirão de Castro, e a Record, com o comentarista Blota Júnior, formaram um pool, batizado Sistema Brasileiro de Televisão (Sibratel), que nada tinha a ver com o futuro SBT de Silvio Santos. Com essas vozes inesquecíveis, eu te convido a assistir a um compacto da decisão, em Munique, entre Alemanha e Holanda, justamente pela transmissão do Sibratel. O primeiro tempo foi narrado por Peirão de Castro, da Gazeta, e o segundo, por Fernando Solera, da Bandeirantes, com direito a imagens marcantes da entrega da taça, erguida por Franz Beckenbauer.

Fonte: jovem pan
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