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Apesar de bom desempenho do agro, presidente da Aprosoja revela incertezas para o próximo ano

No primeiro trimestre de 2023, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 1,9% em relação ao trimestre anterior, na série com ajuste sazonal.

Por Rede Vida Brasil

02/06/2023 às 11:53:25 - Atualizado há

No primeiro trimestre de 2023, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 1,9% em relação ao trimestre anterior, na série com ajuste sazonal. Comparado ao mesmo trimestre de 2022, o PIB cresceu 4,0%. O resultado positivo, divulgado pelo IBGE nesta quinta-feira, 1º, foi puxado pelo crescimento de 21,6% da Agropecuária, maior alta para o setor desde o quarto trimestre de 1996. Para comentar o resultado, o Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, entrevistou o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), Fernando Cadore. Para o representante do agro, apesar da boa safra, as projeções para o próximo ano seguem incertas: “A gente vem em uma crescente de produção para atender às demandas internacionais que vem aumentando ao longo do tempo. Isso tudo vem de outros tempos, porque a agricultura se programa com um tempo de antecedência. O que se produziu nessa safra é reflexo da programação do ano anterior”.

“A gente vê esse crescimento em produção, os preços tiveram uma ligeira alta no último ano e isso propiciou esse aumento e esses números na balança comercial. Isso traz também alguns agravantes, quando a gente olha para o preço futuro, e o produtor agrícola é tomador de preços, não sabe a quanto vai vender o produto, mas sabe quanto vai gastar, a gente começa a ter alguns problemas para a safra seguinte, como aumento de custos e a incerteza de como vai estar o mercado no próximo ano”, declarou.

De acordo com o presidente da Aprosoja, questões relacionadas a armazenamento e subsídios aos produtores devem ser tratadas pelo Governo Federal no Plano Safra: “Em toda essa safra colocada, só na soja mais de 149 milhões de toneladas, no Estado de Mato Grosso, por exemplo, que é o maior produtor do país e produz mais que a Argentina, não se tem nem 50% da capacidade de se armazenar o que se produz. Isso ajuda na queda dos preços e obviamente gera um problema logístico. Nós esperamos que o governo entenda que o problema de armazenamento é um problema de soberania nacional. Imaginem se o Brasil fosse vítima de uma guerra ou de um embargo comercial e não ter lugar para colocar o produto. É como se o produtor de sorvete tivesse freezer para guardar somente 50% do sorvete que ele produz, imagina o que aconteceria com ele”.

“O Plano Safra precisa vir estruturado para isso, precisa trazer juros compatíveis com o investimento, porque para se manter uma produção elevada precisa de investimento, e obviamente políticas públicas que atendam o setor produtivo. Em todos os lugares do mundo, além do produtor não ter os encargos ambientais que temos aqui. Nos Estados Unidos, por exemplo, o produtor usa 100% da área dele, enquanto na Amazônia Legal o produtor só usa 20%, isso tem custo. Eles têm subsídios também, como o produtor europeu. Até agora, a gente não viu nenhum tipo de sinal do que venha, mas nós precisamos que o governo tenha essa percepção com relação à agricultura e à pecuária”, analisou.

Ainda em análise do papel do governo no fomento à agropecuária, Fernando Cadore fez um apelo por ações mais concretas e posicionamento contrário às invasões de terras: “A gente não viu até agora nenhum sinal que ajude a agropecuária. Nós não vimos os juros do Plano Safra, não sabemos se terá créditos para o armazenamento, que é um gargalo e baixa os preços (…) Esses números de agora não serão os mesmos do mesmo período do ano que vem. Os custos aumentaram, então nós precisamos primeiro saber que tipo de política o governo vai trazer. Até agora, não trouxe absolutamente nada, e quando trouxer a gente vai ter a capacidade de avaliar se os sinais são positivos em relação ao setor, se tem ajudado a economia, se são neutros ou se são negativos. Precisamos também que se posicionem em relação às invasões. É papel sim do Ministério da Agricultura também se posicionar defendendo o direito de propriedade. A gente vê muitas situações em que não tem posição”.

“Quando a gente fala de invasão, a gente tem que deixar claro que o direito de propriedade não é só rural, ele é urbano também. Quando a gente relativiza o direito de propriedade, a gente parte do princípio de que o cidadão brasileiro pode deixar a sua propriedade vulnerável, e isso é inadmissível (…) O seio da produção é a terra, mas esperamos que os absurdos que que acontecem nessas invasões sejam de fato dirimidos e que o parlamento olhe com seriedade isso. Um país que caminha para ser um dos maiores fornecedores globais de alimento, à medida que a população mundial cresce, se não tiver a segurança do direito de propriedade, não consegue ter a certeza de continuar investindo. É papel do governo também se posicionar. Não tem esquerda e direita, não tem ideologia, tem quem é contra e quem é a favor do nosso país e do desenvolvimento”, criticou.

Fonte: jovem pan
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