De acordo com um estudo realizado pelo Massachusetts General Hospital (Estados Unidos) praticar atividade física aos finais de semana protege do risco de desenvolver 264 doenças no futuro.
De acordo com um estudo realizado pelo Massachusetts General Hospital (Estados Unidos) praticar atividade física aos finais de semana protege do risco de desenvolver 264 doenças no futuro. Segundo os dados, esse hábito pode ser tão eficaz para essa proteção quanto exercícios físicos mais distribuídos ao longo dos dias. O problema é que, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), são recomendados, pelo menos, 150 minutos de atividade física moderada a vigorosa por semana para estabilizar a saúde geral, e muitas pessoas acabam exagerando para compensar o sedentarismo com apenas dois dias repletos de atividades.
Para o Dr. Pedro Soneghet Gomes, ortopedista e traumatologista do esporte, isto pode ser um fator preocupante no ponto de vista das lesões ortopédicas, já que o número dos chamados atletas de fim de semana tem aumentado assustadoramente, acompanhando a quantidade de ocorrências. "Na verdade, o padrão de comportamento aqui é o da 'atividade física irregular', pois caracteriza o indivíduo que não está com o condicionamento muscular para prevenir lesões. Sendo fator de risco a qualquer momento que a pessoa, despreparada, deseje engajar em um ato esportivo." O especialista conta que as lesões do joelho são as mais frequentes. "Junto das lesões do tornozelo, tendinites, contusões e estiramentos musculares. Muitas vezes, apenas na forma de ‘dor’ que não necessita de um episódio de trauma ou entorse para aparecer, como quando 'damos um mau jeito'", ressalta.
Segundo Gomes, no consultório a queixa mais comum é de “dor no joelho” — geralmente uma dor inespecífica, sem episódio de trauma que o paciente se lembre. "Realizo o exame físico para investigar a possível causa e, se necessário, pedir algum exame de imagem", pontua. Outras queixas habituais são falseio ou entorse no joelho, dor durante o arco do movimento, percepção de que o membro inferior "está entortando" e a sensação de que a patela vai sair ou já saiu do lugar.
Ainda existe o cenário da desinformação quanto ao atendimento de urgência, segundo o médico. "No Pronto Socorro, é muito comum atendermos entorses, tanto dos tornozelos quanto joelhos, quedas, traumas das mãos e membros superiores. Muitas vezes, os pacientes vão ao PS apenas para receber medicações analgésicas para dores crônicas, como é o caso das dores lombares, queixa extremamente comum. O ideal para o paciente é saber que o pronto socorro seria o lugar reservado para atendimentos dos traumas e dores intensas. Dores mais crônicas devem ser investigadas de forma ambulatorial, com especialistas de cada área", indica.
É claro que existem exceções em que acontecem lesões que levam, infelizmente, direto para a cirurgia. Principalmente no caso dos atletas de fim de semana, geralmente as lesões esportivas do joelho, submetidas à cirurgia, são de rupturas dos ligamentos e meniscos. O tempo de recuperação depende da cirurgia que foi feita e da reabilitação do paciente.
Segundo o traumatologista de esporte, o paciente deve se preocupar quando surge alguma dor que está trazendo dificuldades para ele na vivência diária, seja criança ou idoso. "As dores ou perdas funcionais podem ser provenientes de algum trauma que gerou lesão aos ligamentos e outras estruturas, provenientes de algum erro na biomecânica do movimento do paciente. Pode ser por causa da sobrecarga dos exercícios, pode ser por causa do peso corporal e muitos outros motivos", explica.
As pessoas precisam estar dispostas a procurar um especialista sempre que algum incômodo esteja demorando a ir embora, seja dor, falseio, falta de firmeza num membro ou outra sensação diferente do normal. Surgido após um episódio bem definido (como um trauma, uma torção, uma sessão de atividade física prolongada e/ou intensa) ou sem motivo aparente que ocasionou o sintoma (um formigamento que tem aparecido de vez em quando, perda de força perceptível, sensação de cãibra ou cansaço), às vezes apenas uma boa orientação já será o tratamento ideal para retornar à qualidade de vida.
O médico sabe que é muito difícil ficar 100% protegido de lesões, afinal, acidentes acontecem. "Mas devo recomendar consciência corporal, mobilidade articular e capacidade muscular adequadas, extremamente importantes para qualquer pessoa em qualquer situação.” Por isso, é tão primordial a atividade física regular, respeitando as fases de adaptação do corpo. E, após um tempo de assiduidade, o correto é a pessoa sentir como se estivesse sempre pronto para “se mover”. "Na ortopedia, sabemos que a massa muscular ajuda a absorver os impactos aos quais os ossos são submetidos, podendo evitar até algumas fraturas por trauma. Mobilidade articular pode evitar lesões ligamentares, rigidez após atividade física, estiramentos e rupturas musculares. O movimento faz parte da saúde da articulação, a cartilagem depende de estímulo correto para se manter nutrida", ensina Gomes.