Falta de acessos e saques atrapalham missões a levarem ajuda aos palestinos. Área foi alvo de ofensiva terrestre de Israel em outubro. Palestinos fazem fila para receber refeições gratuitas no campo de refugiados de Jabaliya, na Faixa de Gaza, em 18 de março de 2024
Mahmoud Essa/AP
A ajuda humanitária para o norte de Gaza, onde Israel lançou uma ofensiva terrestre em 6 de outubro, foi em grande parte bloqueada nos últimos 66 dias, informou a Organização das Nações Unidas (ONU) nesta terça-feira (10), segundo a agência Associated Press (AP).
Isso deixou entre 65 mil e 75 mil palestinos sem acesso a alimentos, água, eletricidade ou cuidados de saúde, de acordo com a organização.
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No norte, Israel tem continuado o cerco a Beit Lahiya, Beit Hanoun e Jabaliya, com os palestinos que vivem nessas áreas sendo em grande parte impedidos de receber ajuda, informou o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA).
Recentemente, cerca de 5,5 mil pessoas foram deslocadas à força de três escolas em Beit Lahiya para a cidade de Gaza.
Para piorar a crise alimentar, atualmente apenas quatro padarias apoiadas pela ONU estão operando em toda a Faixa de Gaza, todas localizadas na cidade de Gaza, segundo o OCHA.
Sigrid Kaag, coordenadora sênior da ONU para assuntos humanitários e reconstrução em Gaza, disse a repórteres após uma reunião fechada do Conselho de Segurança da ONU nesta terça-feira que os civis tentando sobreviver em Gaza enfrentam uma "situação absolutamente devastadora".
Ela apontou a quebra da ordem pública e os saques como agravantes de uma situação já extremamente grave, deixando a ONU e várias organizações de ajuda incapazes de fornecer alimentos e outros itens essenciais de assistência humanitária.
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Kaag disse que ela e outros oficiais da ONU têm solicitado repetidamente a Israel acesso para os comboios no norte de Gaza e em outras áreas, permitindo a entrada de mercadorias comerciais, a reabertura do posto de Rafah, no sul, e a aprovação de itens de uso duplo.
A missão de Israel na ONU afirmou que não comentaria as declarações de Kaag.
Ela disse que a ONU estabeleceu a logística para uma operação em toda Gaza, mas que não há substituto para a vontade política.
"Os Estados-membros a possuem", afirmou Kaag. E foi isso que ela pediu aos membros do Conselho de Segurança e continua a pedir à comunidade internacional em geral: a vontade política necessária para enfrentar a crise humanitária em Gaza, que só tende a se agravar.