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'A ilha está devastada', diz brasileiro que mora em Mayotte, arquipélago francês atingido por ciclone Chido

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Ciclone Chido deixou pelo menos 31 mortos e 1,3 mil feridos. Autoridades da ilha, no entanto, alertam que o número total de mortes pode chegar a centenas, talvez milhares. 'A ilha está devastada', diz brasileiro que mora em Mayotte

O ciclone Chido, que atingiu o território francês de Mayotte, na costa da África, deixou a ilha "devastada", segundo Renato Torres, brasileiro que mora no local há cinco anos. Pelo menos 31 morreram e 1,3 mil ficaram feridos. Autoridades da ilha, no entanto, alertam que o número total de mortes pode chegar a centenas, talvez milhares.

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"O ciclone foi completamente destruidor, e a ilha está devastada", descreve o brasileiro.

Segundo Renato, o apartamento onde ele mora está intacto. Porém outras residências no prédio sofreram danos. Ele relata que há muitos locais do arquipelágo sem luz, água e sinal de internet, o que dificulta a troca de informações. Veja o vídeo acima.

"O ciclone destruiu toda a ilha, meu bairro foi destruído. Sabemos que o governo francês está mandando ajuda militar, e contamos os dias para que o aeroporto possa ser reconstruído, para que possamos ir embora o quanto antes", diz.

Em nota, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil afirma que "está em contato com brasileiros que se encontram em Mayotte e lhes presta assistência consular". Leia a nota completa ao final da reportagem.

O ciclone Chido registrou rajadas superiores a 220 km/h e foi o mais intenso a atingir a costa leste da África em mais de 90 anos, de acordo com o instituto meteorológico francês.

Fomes e destruição

"As pessoas começaram a ter fome. O número oficial de mortos é muito baixo em relação à realidade, porque 95% da população é muçulmana e nas práticas culturais religiosas eles enterram as pessoas em menos de 24 horas. Nos lugares mais destruídos pelo ciclone, eles enterraram muito rapidamente. Nós vimos pessoas queimando corpos", diz Torres, que é natural de Caxias do Sul, na Serra do RS.

Ele conta que tinha passagem para voltar ao Brasil marcada para 26 de dezembro, mas agora não tem expectativa de viajar antes de janeiro. O arquipélago, formado por duas ilhas, está também sem ligação por balsas. "Os aviões chegam na ilha menor, mas têm dificuldade de chegar na ilha maior, o que complica a chegada de ajuda", explica.

Apartamento onde Renato mora (no segundo andar) não foi destruído pelo ciclone

Arquivo pessoal

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Renato Torres, nascido no RS, mora há cinco anos em Mayotte, onde trabalha em uma distribuidora de alimentos

Reprodução/Arquivo pessoal

Mayotte

A quase 8.000 km de Paris e localizada entre Madagascar e Moçambique, na costa africana, Mayotte é significativamente mais pobre do que o restante da França e tem enfrentado a violência de gangues e a agitação social por décadas. No início do ano, as tensões no arquipélago de 320 mil habitantes aumentaram por conta da escassez de água.

Mapa mostra território francês de Mayotte, atingido por ciclone, em dezembro de 2024.

arte/ g1

Segundo Torres, que mora no local há cinco anos, a ilha é "paradisíaca" e vem se desenvolvendo nos últimos anos.

"Estamos próximos das ilhas Maurício, Seychelles, então é muito parecido com esses locais. A França tem desenvolvido muito a ilha, mas claro que há uma diferença muito grande em relação a infraestrutura e desenvolvimento", conta.

Ele conta também que houve uma onda imigratória intensa para o local, o que aumentou a população em regiões pobres, semelhantes às favelas brasileiras. "Costumamos dizer que os residentes franceses têm uma vida muito boa, mas a população oriunda de imigração vive precariamente. E a maioria das pessoas que perderam as casas foram eles", explica.

Governo de arquipélago francês confirma 31 mortes e 1,3 mil feridos em ciclone

Nota do Ministério das Relações Exteriores

"O Ministério das Relações Exteriores, por meio da Embaixada do Brasil em Pretória, está em contato com brasileiros que se encontram em Mayotte e lhes presta assistência consular.

Em atendimento ao direito à privacidade e em observância ao disposto na Lei de Acesso à Informação e no decreto 7.724/2012, o Ministério das Relações Exteriores não fornece informações detalhadas sobre casos individuais de assistência a cidadãos brasileiros.

O Itamaraty publicou, em 15/12, nota à imprensa na qual são informados os números para atendimento aos brasileiros que se encontram em Mayotte. A nota está disponível em: https://www.gov.br/mre/pt-br/canais_atendimento/imprensa/notas-a-imprensa/passagem-do-furacao-chido-por-mayotte"

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