A Honda e a Nissan anunciaram, esta segunda-feira, a assinatura de um memorando de entendimento para a fusão entre as duas fabricantes japoneses, que deverá estar concluída em 2026.
Esta fusão promete fazer nascer a terceira maior fabricante de automóveis do mundo, embora Carlos Ghosn, ex-CEO da Nissan, esteja pouco crente relativamente ao acordo entre ambos. Na opinião do antigo homem forte da Nissa, esta "é uma jogada desesperada".
"Não é um acordo pragmático porque, francamente, as sinergias entre as duas empresas são difíceis de encontrar. Não há praticamente nenhuma [característica] complementar entre as duas. Elas estão nos mesmos mercados. Elas têm os mesmos produtos. As marcas são muito, muito semelhantes", criticou Ghosn, em entrevista à Bloomberg.
O antigo diretor-executivo da Nissan acredita ainda que o Ministério da Economia, Comércio e Indústria do Japão (METI) pressionou a que as duas empresas formalizassem o acordo, de forma a fortalecer a economia do país.
"Tendo vivido no Japão durante muitos anos, entendo como o METI pode ser influente. Na minha opinião, não há lógica industrial nisto, mas há um momento em que é preciso escolher entre desempenho e controlo. Obviamente, se puderes ter os dois, melhor. Mas há momentos em que é preciso escolher e, sem dúvida alguma, com a METI e tudo o que sei sobre ela, eles preferem o controlo ao desempenho. Então, sem dúvida alguma, eles forçaram a Honda a estabelecer o acordo", referiu ainda.
Recorde-se que Carlos Ghosn liderou a Nissan durante 16 anos até rebentar o escândalo de corrupção, no final de 2018. Acusaram-no de fraude e uso indevido de bens da empresa, alegações que nega. Acabou por ser libertado sob fiança e fugiu para o Líbano.
Noticias ao minuto