No início da semana, uma equipa liderada por procuradores brasileiros disse ter resgatado 163 cidadãos chineses que estavam a trabalhar em condições de "escravidão" no local. Um vídeo do Ministério Público do Trabalho sobre os dormitórios que abrigavam os trabalhadores mostrou camas sem colchões e instalações de cozinha rudimentares.
Li Yunfei, porta-voz da BYD, contestou veementemente a afirmação numa nota publicada na rede social Weibo.
"Para difamar as marcas chinesas e a China e tentar minar a amizade entre a China e o Brasil, vimos como as forças estrangeiras relevantes se associam maliciosamente e difamam deliberadamente", disse, criticando também as reportagens sobre a situação.
A BYD, que significa Build Your Dreams, é um dos maiores produtores mundiais de carros elétricos. A empresa disse na segunda-feira que iria "rescindir imediatamente o contrato" com o empreiteiro que está a construir a fábrica, o Grupo Jinjiang.
O grupo disse que está "a estudar outras medidas apropriadas".
A BYD informou que os trabalhadores da Jinjiang seriam alojados em hotéis próximos, por enquanto, e não seriam penalizados com a decisão de parar o trabalho no local. A empresa afirmou que, nas últimas semanas, tem vindo a alterar as condições de trabalho no estaleiro de construção e informou os seus contratantes de que era necessário fazer "ajustes".
A publicação de Li no Weibo também incluía o que dizia ser uma "declaração" dos trabalhadores chineses no local, que surgem num vídeo, juntos, numa sala.
O vídeo mostra um dos trabalhadores a ler uma declaração na qual afirma que os relatos sobre as condições precárias e "esclavagistas" violaram os seus direitos humanos e que os problemas são resultado de mal-entendidos.
"Gostamos muito deste trabalho e queremos ficar a trabalhar aqui", disse. Quando terminou, os trabalhadores aplaudiram.
Os procuradores disseram que a situação sanitária nas instalações da BYD era especialmente má, com apenas uma casa de banho para cada 31 trabalhadores, obrigando-os a acordar às 04:00 para fazerem fila e estarem prontos para sair para o trabalho às 5:30.
De acordo com a legislação brasileira, condições análogas à escravidão são caracterizadas pela submissão a trabalhos forçados ou jornadas exaustivas, sujeição a condições degradantes de trabalho e restrição da liberdade de locomoção do trabalhador.
Para além das condições de vida dos trabalhadores, as autoridades brasileiras afirmaram que a Jinjiang Construction Brasil tinha confiscado os seus passaportes e retido 60% dos seus salários. Os que se despedissem seriam obrigados a pagar à empresa a passagem aérea de ida e volta da China, informou o Ministério do Trabalho do Brasil, em comunicado.
Segundo a declaração dos trabalhadores, os passaportes foram retirados para permitir que a empresa processasse as autorizações de trabalho e outros procedimentos que eles não conseguiam gerir sozinhos devido a dificuldades linguísticas.
A Jinjiang Construction Brazil afirmou que, devido a diferenças culturais, problemas de tradução e compreensão, "muitas das informações divulgadas pelo departamento de trabalho eram imprecisas, especialmente declarações que diziam que os trabalhadores da Jinjiang foram 'escravizados' e 'resgatados', o que é completamente inconsistente com os factos".
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