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Violência nas Escolas

Caminhada em Paraisópolis alerta para cultura de paz nas escolas


Prefeito Ricardo Nunes participa de ato pelo fortalecimento da cultura de paz na Escola Municipal de Ensino Fundamental Perimetral, em Paraisópolis - Rovena Rosa/Agência Brasil

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“Estou com muita confiança de que a escola é um local seguro e de que a gente precisa levar nossos filhos para as escolas, onde eles serão acolhidos por uma equipe superpreparada”, disse o prefeito, em entrevista a jornalistas.

“Estamos conseguindo atingir o nosso objetivo de demonstrar que as escolas são ambientes seguros. Essa campanha da cultura de paz, esse exemplo de estarmos aqui nessa escola, com presença de alunos e de pais, tem sido muito importante. Tenho certeza de que a gente vai seguir o que eu ouvi da aluna Ana Clara, que me falou que a escola é a nossa segunda casa. A gente precisa ter isso muito em mente”, destacou.

Ao lado do prefeito durante a entrevista a jornalistas, a pequena aluna Ana Clara reforçou o que havia dito a ele antes da caminhada. “Todas as crianças falam assim: tem criança que não gosta de escola. Mas na escola você se sente à vontade, você brinca, você aprende. Aqui você tem a sua segunda mãe, que é a sua professora, você tem seus colegas. Então, não tire os seus filhos da escola porque a escola é o melhor lugar para eles ficarem. Queremos paz”, pediu ela.

Quem também participou do evento foi o skatista Bob Burnquist, que ressaltou que, por meio do esporte, essa cultura de paz também pode ser conquistada. “Cresci aqui na cidade de São Paulo, aprendi a andar de skate aqui. O skate cresceu de maneira incrível e essa é uma ferramenta muito bacana. O esporte, o skate e a educação são atividades pela paz. Temos que interagir um com o outro e ajudar no progresso de cada um: caiu, levanta. O skate ajuda muito nisso. E quero estimular vocês a estudar, a aprender o que está acontecendo no mundo e a se expressar na arte, na música, no esporte.”

Roda de conversa para o fortalecimento da cultura de paz na Escola Municipal de Ensino Fundamental Perimetral, em Paraisópolis - Rovena Rosa/Agência Brasil

A caminhada pelas ruas de Paraisópolis ocorreu após a realização de uma roda de conversa, em que os secretários municipais responderam a perguntas feitas por alunos. Os estudantes questionaram principalmente sobre as ações da prefeitura para prevenir a violência nas escolas e o que eles devem fazer quando receberem mensagens sobre ataques

“A escola se preocupa muito com a nossa educação intelectual, mas, às vezes, nós, alunos, precisamos de bem-estar e cuidar de nossa saúde mental. Quero perguntar quando é que psicólogos vão começar a atuar nas escolas públicas”, questionou a jovem Manuela, na pergunta que foi a mais aplaudida pelos presentes à roda de conversa.

Em resposta a essa aluna, os secretários municipais Marta Suplicy (Relações Internacionais) e Fernando Padula (Educação) informaram que há um programa da prefeitura em que professores da rede municipal, que têm também formação em psicopedagogia e psicologia, fazem uma itinerância pelas escolas. Hoje, segundo Padula, são 93 professores que atuam nesse projeto, mas a intenção é aumentar para 125. Na rede municipal paulistana, há mais de 4 mil escolas, centros educacionais e creches e mais de 1 milhão de alunos, segundo dados passados pelo próprio prefeito.

Na roda de conversa, o secretário da Educação também reforçou que os alunos devem denunciar aos órgãos competentes quando receberem mensagens com ameaças. “Pai, mãe ou estudante: quando receberem qualquer mensagem no seu celular ou na rede social falando de violência ou de ataques, por favor, não repasse. Segure o dedinho. Repassar aumenta o pânico e a sensação de insegurança. E o que fazer com relação a essa mensagem? Encaminhe-a para o link do Ministério da Justiça ou para a Polícia Militar (é preciso baixar o aplicativo 190 SP) porque aí as forças de segurança conseguem investigar e atuar para prender quem tem que prender ou derrubar sites que estimulam a cultura violenta”, orientou Padula.

Secretária Marta Suplicy participa de atividades para fortalecimento da cultura de paz em escola de Paraisópolis - Rovena Rosa/Agência Brasil

Já a secretária Marta Suplicy, que também é psicóloga, disse aos alunos para eles sempre buscarem o diálogo. “O importante é ter mais conversa na sala de aula. Vocês podem pedir para ter mais rodas de conversa na sala de aula: mas não para falar sobre ataques ou de violência, mas para falar do que cada um sente, dividir ideias e medos. Isso pode ajudar muito a diminuir essa tensão”, disse ela. “Temos que trabalhar com a paz, e a paz se conquista com a conversa. Não adianta ficar brigando”, completou.

Dia de paz

A prefeitura informou que incentivou que todas as escolas municipais da cidade reservassem o dia de hoje para promover atividades artísticas, esportivas e musicais, buscando uma cultura de paz e de não violência. A medida, segundo a administração municipal, ajudou a combater notícias falsas que têm circulado em redes sociais que propagam o medo, a insegurança e a desinformação. “Queríamos ressignificar esse dia, pegar o dia 20 e simbolizá-lo como um dia de paz e de convívio. Então, todas as escolas foram estimuladas justamente para ter essa acolhida, essa confraternização, esse momento de paz e de convivência, com fortalecimento dos grêmios e das condições de mediação de conflito”, disse o secretário municipal de Educação. “O que precisamos mesmo é propagar a paz”, reforçou.

Secretário Fernando Padula diz que "escolas são ambientes seguros que precisam ser preservados" - Rovena Rosa/Agência Brasil

Em entrevista à Agência Brasil, o secretário admitiu que implantar uma cultura de paz não é um processo rápido, mas é necessário para diminuir a violência nas escolas. “Primeiro é preciso ter serenidade. Fazer isso é um movimento de médio e longo prazo. E você fortalece isso garantindo que toda escola, por exemplo, tenha um grêmio, garantindo a gestão democrática, tendo comissões de mediação de conflito, estimulando a participação dos pais no conselho de escola. Assim se vai construindo uma escola participativa, democrática e de paz”, destacou Padula.

“As escolas são ambientes seguros, que precisam ser preservados. Acho que a pandemia trouxe uma consequência grave de distanciamento das crianças nas escolas. E precisamos garantir que as crianças estejam nas escolas, atuando de maneira preventiva por meio das forças de segurança e investigando quem faz ameaças.”

Segundo ele, além de promover a cultura de paz, a prefeitura tem buscado também oferecer mais segurança às escolas de São Paulo. “A Guarda Civil e a Polícia Militar reforçaram a ronda escolar. Temos também um botão de alerta, que foi lançado essa semana. Mas a ideia é que não seja preciso utilizar esse botão, mas encaminhar as denúncias e as ameaças para as autoridades de segurança e incentivarmos para que todas as escolas, com suas autonomias, possam fazer atividades como rodas de conversa, pintura, abraços coletivos, caminhadas e diversas ações ressignificando o dia de ameaça.”

No dia 20 de abril de 1999, ocorreu o massacre na escola Columbine, nos Estados Unidos. Nos últimos dias, circularam nas redes sociais mensagens sobre ameaças de ataques a escolas nesta data.

Denúncias

Além do canal Escola Segura, do Ministério da Justiça, o serviço Disque 100 passou a receber denúncias de ameaças de ataques a escolas. As informações podem ser feitas por WhatsApp, pelo número (61) 99611-0100.

Em caso de emergência, a orientação é ligar para o 190 ou para a delegacia de polícia mais próxima.

Agencia Brasil

Educação Violência Nas Escolas São Paulo

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