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Extrema direita ganha chance de liderar governo na Áustria pela primeira vez desde 2ª Guerra Mundial

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Por Rede Vida Brasil

06/01/2025 às 10:46:20 - Atualizado há
Presidente austríaco ordenou que líder do Partido da Liberdade, Herbert Kickl, lidere negociações para formar coalizão para um novo governo. Chance surge após fracasso de tratativas de partidos centristas para formar coalizão, o que motivou a renúncia de chanceler. Presidente da Áustria, Alexander Van der Bellen (à esquerda), se reuniu com o líder do Partido da Liberdade, Herbert Kickl, de extrema direita, em 6 de janeiro de 2025.

REUTERS/Leonhard Foeger

O presidente da Áustria, Alexander Van der Bellen, incumbiu nesta segunda-feira (6) o líder do Partido da Liberdade, Herbert Kickl, de tentar formar um novo governo, que seria o primeiro liderado pela extrema direita no país desde a Segunda Guerra Mundial.

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O partido de Kickl venceu as eleições parlamentares em setembro de 2024, obtendo 28,8% dos votos e superando o Partido Popular Austríaco, do chanceler Karl Nehammer, que ficou em segundo lugar.

A decisão do presidente austríaco ocorreu após o chanceler, Karl Nehammer, chefe do Executivo austríaco, anunciar sua renúncia ao cargo. As negociações entre os dois maiores partidos centristas da Áustria, Partido Popular e Social-Democratas, para formar um governo de coalizão sem a extrema direita fracassaram no sábado, motivando a renúncia de Nehammer. (Leia mais abaixo)

Junto com o cargo de chanceler, Nehammer também renunciou à liderança do Partido Popular. O novo líder do partido, Christian Stock, anunciou no domingo que a legenda está pronta para negociar com a extrema direita para formar um governo.

"Como testemunhamos, neste fim de semana o Partido Popular abandonou seu 'não' categórico a uma coalizão sob a liderança de Herbert Kickl. Eu o encarreguei [Kickl] de iniciar as conversas para formar um governo. Não tomei essa decisão levianamente. Continuarei garantindo que os princípios e as regras de nossa constituição sejam devidamente observados e respeitados", afirmou Alexander Van der Bellen em coletiva.

O presidente Van der Bellen afirmou que deu a chance a Kickl porque ele "tem a confiança para encontrar soluções viáveis no âmbito das negociações de governo" e por conta da nova abertura de Stock a negociações com a extrema direita.

Renúncia de chanceler

Chanceler da Áustria, Karl Nehammer, anuncia renúncia ao cargo em 4 de janeiro de 2025.

REUTERS/Elisabeth Mandl

Chanceler da Áustria, Karl Nehammer, anunciou no sábado (4) sua renúncia ao cargo em meio a uma crise política e de governança no país europeu. Segundo Nehammer, ele deixará o poder nos próximos dias e realizará uma transição ordenada.

A decisão de Nehammer ocorre após o fracasso das negociações entre os dois maiores partidos centristas da Áustria, Partido Popular e Social-Democratas, para formar um governo de coalizão sem o Partido da Liberdade, de extrema direita.

"Eu renunciarei como chanceler e como líder do Partido Popular (conservador) nos próximos dias e possibilitarei uma transição ordenada", afirmou Nehammer em um vídeo publicado no X, após as conversas de coalizão com os Social-Democratas.

As negociações pela formação de um novo governo na Áustria vinham se arrastando desde outubro de 2024, quando o presidente do país, Alexander van der Bellen, encarregou o chanceler conservador de formar um novo governo. A tarefa foi dada após todos os outros partidos se recusarem a trabalhar com o líder do Partido da Liberdade, de extrema-direita, que em setembro venceu as eleições nacionais pela primeira vez na história do país, com 29,2% dos votos.

O colapso das negociações por uma nova configuração de governo se deu de vez um dia após o abandono, considerado inesperado, do partido liberal Neos na sexta-feira (3).

A Áustria é uma república parlamentarista que tem um chanceler, um presidente e um Parlamento bicameral. O chanceler atua como chefe do Executivo, enquanto o presidente é o mais alto representante do Estado austríaco.

Segundo Nehammer, seu partido negociou "de forma longa e honesta", mas divergências com os Social-Democratas ainda persistiram.

"Fizemos tudo o que era possível até este ponto. Um acordo sobre pontos-chave não é viável, então não faz sentido para um futuro positivo para a Áustria. Não aceitaremos medidas que sejam prejudiciais ao desempenho e à economia ou novos impostos, por isso, estamos encerrando as negociações [com os Social-Democratas] e não as continuaremos", afirmou o chanceler austríaco.

O líder social-democrata Andreas Babler lamentou a decisão do Partido Popular de encerrar as negociações. "Essa não é uma boa decisão para o nosso país", afirmou. Babler destacou que um dos principais obstáculos era como lidar com o "déficit recorde" deixado pelo governo anterior.

Nehammer afirmou que "forças destrutivas" dentro do Partido Social-Democrata "ganharam espaço" e que o Partido Popular não apoiará um programa que seja contrário à competitividade econômica.

O próximo governo da Áustria enfrentará o desafio de economizar entre 18 e 24 bilhões de euros (entre 114,7 bi e 153 bi, pela cotação atual), segundo a Comissão Europeia. Além disso, o país está em recessão há dois anos, enfrenta aumento do desemprego e tem um déficit orçamentário atualmente em 3,7% do PIB — acima do limite de 3% da União Europeia.
Fonte: G1 - Mundo
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