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Regime perpetua o desalinho político na Venezuela, com recrudescimento da repressão e sem perspectivas de pacificação com seus opositores. Homem caminha a frente de mural com a imagem de Nicolás Maduro em Caracas, na VenezuelaFederico Parra/AFPComo bem definiu o escritor Alberto Barrera Tyszka, os venezuelanos vivem em permanente situação pré-apocalíptica. "Nossa história está sempre à beira de explodir", escreveu em artigo no "El País". Dessa forma, sem legitimidade internacional e com o respaldo apenas de regimes autocráticos, Nicolás Maduro rola o jogo de mais um mandato, o terceiro, mas com uma diferença: derrotado pela oposição, toma posse pela força bruta, esnobado pela grande maioria dos países do continente e pela União Europeia.? Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsAppA Venezuela se encontra no habitual desalinho político e novamente com dois postulantes ao comando do país. O ditador se escora no aparelho repressor e no apoio de Rússia e China para levar adiante a falta de transparência nas eleições em que se proclamou vencedor, sem apresentar um único boletim de votação. Renova as ameaças de prender o adversário Edmundo González Urrutia, se ele pisar em solo venezuelano nesta sexta-feira. As fronteiras do país foram fechadas até segunda-feira.O regime venezuelano acusou, com medidas risíveis, o incômodo ao desafio de González, que prometeu retornar ao país para ser empossado presidente. Ofereceu a recompensa de US$ 100 mil para quem oferecer informações sobre o paradeiro do opositor, enquanto ele circulava livremente por Argentina, Uruguai, EUA, República Dominicana e Panamá em busca de apoio.Diosdado Cabello, o número dois do chavismo e agora ministro do Interior, exibiu cartazes com nomes e fotos de sete ex-presidentes do continente com o alerta "Procurado". Eles serão acusados de invasão e de crimes de conspiração e atos terroristas, se acompanharem González no retorno ao país.Nos últimos dias, o regime intensificou a repressão e fortificou o país. O genro de González está desaparecido, sequestrado quando levava os dois filhos à escola. O ex-candidato presidencial Enrique Márquez e o jornalista Carlos Correa, que dirige a ONG Espacio Público, encabeçam a mais recente lista de presos.Ainda assim, o medo não afastou os venezuelanos das ruas para protestar contra esta nova posse de Maduro. A líder María Corina Machado cumpriu o prometido e reapareceu numa das manifestações, em Chacao, após 130 dias na clandestinidade."O regime entrou em colapso. Aconteça o que acontecer amanhã, eles acabarão se enterrando. Que ninguém tenha dúvida, o que fizerem, será o fim do regime", sentenciou María Corina.Num episódio confuso, mas típico do permanente cenário pré-apocalíptico descrito pelo escritor Alberto Barrera Tyszka, ela teria sido sequestrada por forças de segurança e depois liberada.Baluartes de Maduro, como o ministro Cabello e o procurador-geral Tarek William Saab, se apressaram a declarar que tudo não passou de uma encenação de opositores. A essa altura do jogo, sem qualquer perspectiva de pacificação no horizonte, a integridade de María Corina Machado e González é também um ativo valioso para o regime.VEJA TAMBÉMOposição e chavismo vão às ruas na Venezuela