A taxa média de juros das concessões de crédito livre teve alta de 7,4 pontos percentuais (pp) nos últimos 12 meses e chegou a 45,4% ao ano em maio.
Nas novas contratações para empresas, a taxa média do crédito ficou em 23,8% ao ano, estável no mês e com alta de 1,9 pp em 12 meses. Nas contratações com as famílias, a taxa média de juros alcançou 59,9% ao ano, alta de 0,3 pp no mês e de 9,5 pp em 12 meses.
No crédito livre, os bancos têm autonomia para emprestar o dinheiro captado no mercado e definir as taxas de juros cobradas dos clientes. Já o crédito direcionado, que tem regras definidas pelo governo, é destinado basicamente aos setores habitacional, rural, de infraestrutura e ao microcrédito.No caso do crédito direcionado, a taxa para pessoas físicas ficou em 12,1% ao ano em maio, com alta de 0,6 pp em relação ao mês anterior e de 1,7 pp em 12 meses.
Para empresas, a taxa caiu 0,9 pp no mês e teve aumento de 0,8 pp em 12 meses, indo para 13,4% ao ano. Assim, a taxa média no crédito direcionado chegou a 12,4% ao ano, aumento de 0,3 pp no mês e de 1,5 pp em 12 meses.
O comportamento dos juros bancários médios ocorre em um momento em que a taxa básica de juros da economia, a Selic, está em seu maior nível desde janeiro de 2017, em 13,75% ao ano, definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom). Em março do ano passado, o BC iniciou um ciclo de aperto monetário, em meio à alta dos preços de alimentos, de energia e de combustíveis.
A Selic é o principal instrumento usado pelo BC para alcançar a meta de inflação. Em abril, influenciado pelo aumento dos preços de remédios, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 0,61%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado é inferior à taxa de março, de 0,71%. Em 12 meses, o indicador acumula 4,18%.
Com a inflação em baixa, a decisão de manutenção da Selic é alvo de críticas do governo federal, já que os efeitos do aperto monetário são sentidos no encarecimento do crédito e na desaceleração da economia.
A ata da última reunião do Copom, divulgada nesta terça-feira (27) pelo Banco Central, informa que a "avaliação predominante" manifestada pelos integrantes do colegiado foi de uma expectativa de maior confiança para uma queda da taxa de juros a partir de agosto. A reunião do Copom ocorreu nos dias 20 e 21.
A elevação da taxa básica ajuda a controlar a inflação porque causa reflexos nos preços, já que juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança, contendo a demanda aquecida.
Para pessoas físicas, o destaque do mês foi para o cartão de crédito, cujas taxas tiveram alta de 1,6 pp no mês e 29,6 pp em 12 meses, alcançando 106,2% ao ano.
No crédito rotativo, que é aquele tomado pelo consumidor quando paga menos que o valor integral da fatura do cartão e dura 30 dias, houve alta de 7,8 pp de abril para maio e aumento de 86,3 pp em 12 meses, indo para 455,1% ao ano. Após os 30 dias, as instituições financeiras parcelam a dívida. Nesse caso do cartão parcelado, os juros caíram 6,2 pp no mês e registraram alta de 21,6 pp em 12 meses, indo para 194,3% ao ano.
Já no cheque especial houve redução de 2,8 pp no mês e alta de 2,8 pp em 12 meses, indo para 130,7% ao ano.
A taxa do crédito consignado teve retração de 0,1 pp no mês e alta 1,7 pp em 12 meses (25,8% ao ano). No caso do crédito pessoal não consignado, os juros caíram 0,9 pp no mês de maio e apresentaram crescimento de 5,2 pp em 12 meses (86,7% ao ano).
A manutenção dos juros em alta, resultado do aperto monetário, e a própria desaceleração da economia estão levando a uma desaceleração do crédito bancário, em especial para as famílias. No mês passado, as concessões de crédito caíram 0,5% para as pessoas físicas e tiveram incremento de 4,2% para empresas.
Em maio, o estoque de todos os empréstimos concedidos pelos bancos do Sistema Financeiro Nacional (SFN) ficou em R$ 5,387 trilhões, com uma variação positiva de 0,3% em relação a abril. O resultado refletiu a estabilidade no saldo das operações de crédito pactuadas com pessoas jurídicas (R$ 2,090 trilhões) e o aumento de 0,5% no de pessoas físicas (R$ 3,296 trilhões).
Na comparação interanual, o crédito total cresceu 10,4% em maio, evidenciando desaceleração ante os 11,3% em doze meses observado em abril. Na mesma base de comparação, o saldo com as empresas desacelerou para 4,4%, ante 4,8% em abril, assim como o volume de crédito às famílias passou de um crescimento de 15,8% em abril 14,6% no mês passado.
O crédito ampliado ao setor não financeiro, que é o crédito disponível para empresas, famílias e governos independentemente da fonte (bancário, mercado de título ou dívida externa) alcançou R$ 15,096 trilhões, crescendo 0,2% no mês, por conta principalmente da alta de 1,5% dos empréstimos da dívida externa.
Na comparação interanual, o crédito ampliado cresceu 9,9%, prevalecendo as elevações na carteira de empréstimos, 10,3%, e nos títulos de dívida, 9,3%.
De acordo com o Banco Central, a inadimplência (considerados atrasos acima de 90 dias) tem se mantido estável há bastante tempo, com pequenas oscilações, e registrou 3,6% em maio. Nas operações de crédito livre para pessoas físicas, ela está em 4,2% e para pessoas jurídicas em 2,5%.
O endividamento das famílias - relação entre o saldo das dívidas e a renda acumulada em 12 meses - ficou em 48,5% em abril, estável no mês e com recuo de 1,4% em 12 meses. Com a exclusão do financiamento imobiliário, que pega um montante considerável da renda, ficou em 30,8% no mês quarto mês do ano.
Já o comprometimento da renda - relação entre o valor médio para pagamento das dívidas e a renda média apurada no período - ficou em 27,9% em abril, aumento de 0,3% na passagem do mês e de 1,7% em 12 meses.
Esses dois últimos indicadores são apresentados com uma defasagem maior do mês de divulgação, pois o BC usa dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).