O dramaturgo José Celso Martinez Corrêa, que morreu nesta quinta-feira, 6, aos 86 anos, travou uma briga na Justiça por mais de 40 anos com o apresentador Silvio Santos.
O dramaturgo José Celso Martinez Corrêa, que morreu nesta quinta-feira, 6, aos 86 anos, travou uma briga na Justiça por mais de 40 anos com o apresentador Silvio Santos. O motivo foi um terreno nos arredores do Teatro Oficina, fundado pelo diretor teatral em 1958 e localizado na região popularmente conhecida em São Paulo como Bixiga. Em 1983, o local foi tombado pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico) como uma referência artística e cultural da cidade. Dono de um terreno próximo ao teatro, Silvio tinha a pretensão de construir prédios na região, mas Zé Celso se opôs dizendo que isso prejudicaria o local que fundou.
O caso foi parar na Justiça e em 2017 o então prefeito de São Paulo João Doria reuniu o apresentador do SBT e o dramaturgo em uma reunião para tentar resolver o assunto. Na ocasião, Silvio disse que não tinha mais interesse em construir na região, mas que não podia abrir mão do seu terreno. Zé Celso falou que seu plano era colocar tendas no local com o auxílio financeiro da prefeitura para a realização de shows e eventos culturais. "É besteira construir mais cimento nesta cidade", comentou o diretor teatral na ocasião. Eles não chegaram a um acordo e a briga se estendeu.
O Teatro Oficina surgiu após um grupo de estudantes da Faculdade de Direito do Largo São Francisco conseguir, em 1958, conquistar a crítica teatral e prêmios do teatro amador. Ao levantarem fundos, eles se instalaram na Rua Jaceguai, onde funcionava o Teatro Novos Comediantes. Conforme divulgado pelo Condephaat, o arquiteto Condephaat Joaquim Guedes foi o responsável pelo primeiro Teatro Oficina. O local abrigou na década de 1960 "grupos teatrais experimentais, inovadores, da linguagem cênica e da relação entre palco e plateia". Um novo projeto aconteceu em 1966 após um incêndio e foi elaborado pelos arquitetos Flávio Império e Rodrigo Lefévre, eles introduziram paredes de tijolos e concreto sem revestimento e urdimento à mostra. Já em 1986, a arquiteta Lina Bo Bardi projetou a renovação do espaço que hoje é um patrimônio do Estado de São Paulo.