Um levantamento divulgado nesta quinta-feira (13) pela organização não governamental Instituto Fogo Cruzado revela que 31 pessoas morreram vítimas de balas perdidas na região metropolitana do Rio de Janeiro este ano.
Em relação ao mesmo período de 2022, houve aumento de 138% (mais que o dobro) no número de mortes (13) e de 59% no total de feridos (44).
As balas perdidas são ocorrências em que as vítimas não estão diretamente envolvidas no fato que originou o disparo, ou seja, o tiro não era endereçado à vítima. A pessoa é, portanto, atingida de forma não intencional.Entre as vítimas, estão 11 crianças das quais cinco morreram, e 12 adolescentes, dos quais três não resistiram aos ferimentos. Um dos casos mais recentes foi o do menino Dijalma de Azevedo Clemente, de 11 anos de idade, morto por um tiro durante confronto entre policiais militares e criminosos armados, quando ia para a escola, no município de Maricá.
Dijalma é uma das 57 vítimas de balas perdidas durante ações policiais, de acordo com o Fogo Cruzado. Trocas de tiros envolvendo a polícia resultaram em 19 mortos e 38 feridos com balas perdidas este ano, o que significa que as operações policiais foram as ocorrências de fundo para 56% dos casos de balas perdidas no Grande Rio.
"Desde 2016, o Fogo Cruzado monitora casos de balas perdidas e, ano após ano, vemos essa triste marca de 100 vítimas ser atingida sem qualquer resposta do poder público. Pior, o estado do Rio de Janeiro deixou de produzir esse dado em 2012 e, sem o Fogo Cruzado, a população não teria acesso a essa informação. É preciso cobrar do governo uma resposta urgente e eficaz para frear essa violência que coloca em risco a vida da população todos os dias", explica o coordenador do Fogo Cruzado no Rio de Janeiro, Carlos Nhanga.
A Polícia Militar (PM) informou que suas ações são pautadas por informações de inteligência e têm planejamento prévio. Há, segundo a PM, preocupação central com a preservação de vidas e cumprimento da legislação.
"De acordo com dados do ISP [Instituto de Segurança Pública], o índice de mortes por intervenção de agentes do Estado sofreu uma redução de mais de 15% no Rio de Janeiro de janeiro a maio deste ano, em comparação com o mesmo período de 2022. Oscilações pontuais deste e de outros indicadores estratégicos são permanentemente verificadas para ajustes", informa nota da PM. "A opção pelo confronto é sempre dos criminosos", acrescenta.
Já a Polícia Civil informou que desconhece a metodologia utilizada pela Organização Não Governamental (ONG) Fogo Cruzado.
"A Polícia Civil possui investigações em andamento, realiza trabalhos de inteligência e diligências para identificar os autores envolvidos nessas ocorrências. A instituição ressalta que as operações policiais priorizam sempre a preservação de vidas, tanto dos agentes quanto dos cidadãos", diz a nota divulgada pela polícia.