A ativista afrofeminista Epsy Campbell (foto) afirmou neste sábado (15) que espera ver uma presidente negra no Brasil.
Além disso, a historiografia mexicana escondeu heróis como Yanga, negro que lutou pela independência do país no século XVII, e buscou clarear, nas imagens dos livros de história, as peles de outros personagens negros importantes como José María Morelos – um dos líderes da luta pela independência no século XIX, que usava touca para esconder seus cabelos – e Vicente Guerrero, segundo presidente mexicano.
"Na política, queremos equilibrar a participação das pessoas afromexicanas. No Senado da República, há 128 senadores e senadoras. Apenas uma é afrodescendente. Na Câmara de Deputados Federal, são 500 pessoas e só há três deputados e deputadas afrodescendentes."
Apenas recentemente o quadro começou a mudar e, em 2019, a Constituição mexicana reconheceu os povos e comunidades afromexicanas como parte da composição pluricultural da nação.
Em sua participação na mesa de abertura, a escritora Conceição Evaristo, autora de livros como Ponciá Vicencio e Olhos d'Água, ressaltou a importância de um feminismo negro.
"Nós e as mulheres negras que vieram de um estrato popular e que conheceram a experiência de trabalhar em casas de madame sabemos como essas mulheres brancas influíram também na nossa visão sobre os homens negros. Quando, no processo de escravização e assinatura da Lei Áurea, os homens negros perderam o trabalho, e nós mulheres negras continuaram nas fazendas – e isso se transforma depois na empregada doméstica – cria-se um estereótipo do homem negro preguiçoso. Esse estereótipo foi construído através das mulheres brancas, das patroas, perguntando para as empregadas o que os homens delas faziam. E muitas vezes esses homens estavam desempregados".
A educadora e escritora Helena Theodoro destacou que homens e mulheres negras precisam andar juntos, já que ambos são alvos de discriminação da sociedade.
"Nós precisamos uns dos outros. Já basta a guerra que nossos homens negros recebem da sociedade em geral", ressaltou. "Homens e mulheres, pela nossa ancestralidade, têm papéis diversos mas estão juntos porque a discriminação é a mesma".
Criado em 2008, o Festival Latinidades, considerado um dos principais eventos sobre mulheres negras da América Latina, busca desenvolver diálogos sobre o enfrentamento ao racismo e sexismo e promoção da igualdade racial.
Em sua 16ª edição, este ano o festival começou em Brasília, na semana passada, e passará ainda por São Paulo (dias 21 a 23) e Salvador (dias 29 e 30).