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Na ABL, Mauro Vieira destaca apoio à integração da América Latina

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, participou nesta quinta-feira (20) de sessão solene de lançamento da Coleção Hélio Jaguaribe, na Academia Brasileira de Letras (ABL), no Rio de Janeiro, dentro das comemorações pelo centenário do acadêmico.

Por Rede Vida Brasil

20/07/2023 às 22:14:23 - Atualizado há

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, participou nesta quinta-feira (20) de sessão solene de lançamento da Coleção Hélio Jaguaribe, na Academia Brasileira de Letras (ABL), no Rio de Janeiro, dentro das comemorações pelo centenário do acadêmico. Jaguaribe foi o nono ocupante da cadeira 11 da instituição e teria feito 100 anos em abril.

O ministro destacou uma das características mais marcantes de Jaguaribe, a preocupação de "promover e implementar a racionalidade pública para ampliar democraticamente, com liberdade e igualdade, o poder e controle da sociedade brasileira sobre seu destino". Afirmou que essa preocupação poderia ser estendida para o conjunto da sociedade da América Latina ao defender uma atuação mais autônoma dos países da região.

Vieira citou o livro "O nacionalismo na atualidade brasileira", lançado por Jaguaribe em 1958, no qual fazia forte crítica ao nacionalismo exagerado que espantava investimentos de outros países no Brasil. O advogado, sociólogo, cientista político e escritor brasileiro considerava a aproximação com os países vizinhos um imperativo estratégico para a política externa brasileira.

Integração

Mauro Vieira lembrou que esse posicionamento pela integração sul-americana consta da Constituição de 1988 e constitui norte da política externa brasileira, excetuando-se os quatro anos do governo anterior. O ministro referiu-se à recente reunião de líderes sul-americanos, ocorrida em maio deste ano, em Brasília, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu dez chefes de Estado e um chefe de Governo para retomar a agenda integracionista entre todos os países da América do Sul, após hiato de nove anos

O resultado dessa reunião foi o Consenso de Brasília, onde os 12 líderes da região afirmaram a retomada da construção do destino comum para a América do Sul. Vieira garantiu que o governo Lula vai reconstruir "com obstinação, as instituições regionais essenciais para a sustentabilidade, a segurança e a boa convivência do entorno regional do Brasil". Sublinhou que a integração latino-americana em geral e sul-americana em particular é a única ideologia do governo brasileiro.

"Hélio Jaguaribe teve a visão extraordinária em identificar naquele livro essa circunstância inescapável. É o imperativo geoestratégico da América do Sul, somado ao ideal de solidariedade com a América Latina e o Caribe que a diplomacia do governo Lula deseja fazer frente", expôs o ministro.

Vida

Hélio Jaguaribe nasceu no Rio de Janeiro em 23 de abril de 1923 e morreu em sua casa, em Copacabana, em decorrência de falência múltipla dos órgãos, em 9 de setembro de 2018. Formou-se em direito, em 1946, pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ).

Em 1952, deu início, com um grupo de jovens cientistas sociais, a um projeto de estudos para a reformulação do entendimento da sociedade brasileira, fundando o Instituto Brasileiro de Economia, Sociologia e Política (Ibesp), do qual foi secretário-geral.

Em 1964, Jaguaribe criticou publicamente o golpe militar que derrubou o governo do então presidente João Goulart e, por isso, foi morar nos Estados Unidos até 1969, onde lecionou em três instituições: Universidade de Harvard (de 1964 a 1966); Universidade de Stanford (de 1966 a 1967); e Massachusetts Institute of Technology (MIT) (de 1968 a 1969).

Em 1983, recebeu o grau de doutor honoris causa da Universidade de Mainz, Alemanha. Em 1992, foi a Universidade Federal da Paraíba que lhe deu o mesmo título. Recebeu também o grau pela Universidade de Buenos Aires, na Argentina, em 2001.

Em 2001, publicou no Brasil e no México dois volumes da pesquisa intitulada A critical study of history (em português: Um estudo crítico da história) e, em meados de 2004, começou nova obra O posto do homem no cosmos, um novo estudo. Hélio Jaguaribe foi eleito para integrar a ABL em março de 2005.

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