Promovido pelo Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa) (foto), a iniciativa terá 17 professores universitários de diferentes regiões do país para debater temas do universo matemático e incentivar os alunos a se dedicar ao aprimoramento dos estudos.
Durante quatro dias, meninos e meninas do 6º ano do ensino fundamental ao 3º ano do ensino médio participarão de gincanas, aulas, palestras e serão desafiados a resolver o problema do dia. As melhores soluções serão apresentadas aos colegas e professores.Fato ou fake?
As palestras abordarão temas como "Os três problemas clássicos da geometria"; "Fato ou fake? O que assegura alguém acreditar que um fato matemático é válido?" e "Como viemos para cá? Uma versão da história da ciência ocidental!".
O primeiro Encontro do Hotel de Hilbert ocorreu em 2011, em Nova Friburgo, no estado do Rio. O objetivo é ampliar o conhecimento científico dos participantes e prepará-los para um futuro desempenho profissional e acadêmico. Os medalhistas de escolas públicas que integram o programa recebem uma bolsa de R$ 300.
O diretor-adjunto do Impa e coordenador-geral da OBMEP, Claudio Landim, destaca que, para os alunos, vai ser uma enorme oportunidade de assistir a palestras dadas por cientistas. "Vai ser um primeiro contato com o mundo da pesquisa. Por outro lado, será a oportunidade de encontrar outros jovens que gostam de matemática e conversar sobre as perspectivas de carreira. É um grande estímulo para que desenvolvam seu talento e prossigam seus estudos na universidade", afirma.
Isabela Besen, 14 anos, aluna do 9º ano da Escola de Educação Básica Cel Gasparino Zorzi, em Campos Novos, em Santa Catarina, é medalhista de ouro no ano passado e de bronze este ano da olimpíada. Ela conta que ficou muito animada ao saber que vai participar do Hotel de Hilbert, pois todo o esforço e dedicação às tarefas valeram a pena. "A OBMEP é muito importante na minha vida. Ela me abriu muitas portas e mostrou que sou capaz de chegar a lugares que jamais pensei que poderia [chegar]. Foi com ela que descobri que meu verdadeiro talento é a matemática", explica.
Jhonatan Kalil, 16 anos, aluno do 2º ano do ensino médio da Escola Estadual Gonçalves Dias, em Ji-Paraná, em Rondônia, é medalhista de bronze em 2019, ouro em 2021 e bronze em 2022 da olimpíada. "Antes da olimpíada, eu achava que a matemática que estudava na escola era suficiente. Depois que eu percebi que gostava mesmo de matemática, não sabia nada e comecei a estudar de verdade. Hoje, penso em cursar matemática e sei que no evento vai ter especialistas da área", analisa.
Landim, coordenador-geral da olimpíada, conta que a iniciativa tenta detectar alunos com talento para a matemática que acabam participando do PIC. Nesse programa, eles se encontram duas vezes por mês numa universidade ou num instituto federal e ali há aulas através da resolução de problemas.
"Isso tem permitido que vários alunos que não teriam acesso à universidade cheguem ao ensino superior. Muitos são os primeiros da família a ultrapassar o ensino médio. A OBMEP tem tido enorme impacto na sociedade, pois acaba premiando o mérito e estimulando alunos talentosos a estudarem. No Impa, temos recebido muitos medalhistas da olimpíada", diz Landim.
Paradoxo do infinito
Em 1925, o matemático alemão David Hilbert apresentou um paradoxo do infinito. Nele, há um hotel com quartos infinitos sempre lotados, com um hóspede em cada quarto. Porém, sempre que chega um novo cliente, o gerente pede que os hóspedes mudem para o quarto ao lado.
Em linguagem matemática, é mais ou menos assim: o hóspede do quarto N pula para o quarto N+1 e assim sucessivamente. Mais conhecido como Hotel de Hilbert, o paradoxo expõe a ideia de que, apesar de sempre lotado, sempre há vagas.
O Encontro do Hotel de Hilbert deste ano conta com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Sociedade Brasileira de Matemática e Itaú Social.
Agencia Brasil