Durou mais de 1h30 a manifestação de moradores da Cidade de Deus, em Jacarepaguá, zona norte do Rio de Janeiro, na noite desta segunda-feira (7), em protesto contra a morte do adolescente Thiago Menezes Flausino, 13 anos.
A manifestação foi convocada pelo jornal comunitário Voz das Comunidades, que dizia "Encontro na porta do céu, mais um sonho interrompido pelo despreparo da polícia". O ato começou de forma pacífica, com jovens, em sua maioria, carregando cartazes, pedindo justiça.
Vídeos postados nas redes sociais mostram policiais usando spray de pimenta nos manifestantes com o objetivo de afastá-los.A Polícia Militar (PM) informou que militares do Batalhão de Rondas Especiais e Controle de Multidão (Recom) acompanharam a movimentação, dando apoio à tropa de Choque.
A Avenida Salazar Mendes de Moraes foi fechada ao tráfego nos dois sentidos desde a Estrada dos Bandeirantes. A avenida liga o bairro de Jacarepaguá à Barra da Tijuca. Com o fechamento das pistas e a colocação de caçambas de lixo por moradores ao longo do trajeto, o tráfego teve de ser desviado pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET-Rio), órgão da prefeitura do Rio.
Dezenas de moradores que chegavam do trabalho foram obrigados a seguir a pé até a comunidade da Cidade de Deus, porque os ônibus e carros de passeio ficaram impedidos de circular pela via.
O Corpo de Bombeiros foi acionado para apagar o fogo colocado pelos manifestantes no lixo.
Thiago estava em companhia de um colega numa motocicleta, quando foi atingido por dois tiros disparados pelos militares: um dos tiros atingiu a perna e o outro no peito do adolescente, que morreu no local.
A PM informou que equipes do Batalhão de Polícia de Choque realizavam policiamento quando dois homens em uma motocicleta atiraram contra a guarnição. Um deles seria o jovem de 13 anos. De acordo com a versão dos policiais, "depois do confronto um adolescente foi encontrado atingido e não resistiu aos ferimentos".
Já os moradores dão uma versão diferente para o caso. O tio da vítima, Hamilton Bezerra Flausino, disse que ele era estudante, jogava futebol, frequentava a igreja e não tinha envolvimento com o crime. A mãe de Thiago, Priscila Menezes, contou que "o filho era uma criança indefesa, que não oferecia perigo e não andava armado.