Unidades do Sesc da capital e da Grande São Paulo realizam durante este mês de agosto, quando se celebra o Dia Internacional dos Povos Indígenas (9 de agosto), cerca de 150 atividades que chamam a um exercício coletivo de valorização da diversidade dos povos originários do Brasil, por meio de apresentações, oficinas, exibição de filmes, feira literária, vivências coletivas, contação de histórias, cursos e visitas a aldeias em diferentes localidades.
A técnica da Gerência de Estudos e Programas Sociais do Sesc SP Tatiana Amaral disse que o propósito da ação é revelar e valorizar a diversidade cultural dos povos indígenas na atualidade, seus conhecimentos e seus saberes.
Para quem quer conhecer os cantos e danças dos Guaranis da cidade de São Paulo, Tatiana recomenda o cinema indígena. "Haverá o lançamento do filme da Kerexu Martin, que tem 21 anos, e é uma jovem Guarani da Terra Regina. Vai ter o bate-papo Miradas Femininas com a presença de mulheres indígenas e a exibição de filmes, que acontecem nesta quinta-feira (17) e no sábado (19), e é bastante relevante porque o cinema indígena tem sido um meio muito eficaz para os povos indígenas fortalecerem conhecimentos, práticas e sobretudo desconstruir estereótipos e preconceitos, especialmente aqueles que colocam os indígenas como a cultura dos seres que fazem usos das tecnologias não indígenas. O cinema indígena mostra que por meio desses registros as comunidades, as pessoas indígenas, conseguem dar visibilidade e fortalecer a circulação de muitas coisas importantes para suas culturas entre gerações", explicou Tatiana, que é cientista social, especializada em Etnologia Indígena.No Sesc Itaquera, Tatiana recomenda a visita mediada no Planetário do Carmo. "É uma ação bastante diferente, porque quem vai fazer a mediação dessa visita no planetário é o Antony Karai Poty". Professor, escritor e ativista indígena, Poty vai contar um pouco sobre os modos de vida indígenas e a relação desses povos com o céu.
Outro destaque da programação é a ação O céu dos povos Tukano: entre miradas e histórias. Com Durvalino Moura Fernandes, kumu da etnia Desana (Kisibi na língua Desano) e Walmir Thomazi Cardoso, astrônomo, com mediação de Melissa Oliveira, antropóloga.
"O Durvalino Moura Fernandes vem de uma região de difícil acesso do Rio Tiquié, no Alto Rio Negro [Amzonas]. Ele vai conversar com Walmir, que nos anos 2000 foi para o Rio Tiquié e levou um programa de computador e fez a comparação e mapeamento das estrelas e constelações dos povos Tukano e Dasana, com as constelações e estrelas ocidentais. Ele vai também fazer narrativas míticas relacionadas às estrelas".
A atividade também contará com transmissão ao vivo no youtube do Sesc Sorocaba.
Para a técnica do Sesc, ações como o Agosto Indígena têm o objetivo de mostrar que os povos indígenas não são do passado. "As suas lutas, suas práticas, seus conhecimentos, são atualizados e muito importantes para que a gente possa ter uma sociedade mais educativa, e assim dar visibilidade à qualidade desses povos e desconstruir a ideia de que indígena deixa de ser indígena se usar o celular, se habitar uma grande cidade".
Segundo Tatiana, ser indígena "não é ficar congelado em uma imagem que se constrói, uma imagem equivocada. Eles são pessoas que podem fazer o que quiserem, podem estar nos lugares que quiserem e seguirão sendo indígenas".
O Censo Demográfico 2022 mostrou que 1.693.535 pessoas se declaram indígenas no Brasil, correspondendo a 0,83% da população residente do país, distribuídas por 4.832 municípios.
Veja a programação completa na página do Sesc SP.