Participação da comunidade A criação de instâncias para a participação comunitária também representa uma inovação no âmbito da gestão do ensino médio, como é o caso do Colégio Elvira Brandão, uma escola privada em São Paulo (SP), que também foi uma das instituições pesquisadas por Alcielle.
A criação de instâncias para a participação comunitária também representa uma inovação no âmbito da gestão do ensino médio, como é o caso do Colégio Elvira Brandão, uma escola privada em São Paulo (SP), que também foi uma das instituições pesquisadas por Alcielle. Além de uma maior articulação com os próprios estudantes, a escola também instituiu um processo de gestão democrática envolvendo as famílias, com projetos de formação dentro da escola.
O caminho de uma maior participação dos pais, mães e responsáveis também foi escolhido pelo CETI (Centro Estadual de Tempo Integral) Augustinho Brandão, a única escola de ensino médio em Cocal dos Alves (PI). Como diretor da instituição, Darkson Vieira reforça que direcionar ao papel de protagonista as pessoas que realmente ‘fazem’ a escola – isto é, estudantes, educadores, famílias e a comunidade em geral – incentiva a própria instituição a refletir sobre seu papel na sociedade.
“Quando você faz com que a comunidade ao redor da escola compreenda que a instituição é um meio de transformação social positiva, essa é a maior inovação, porque precisamos que as pessoas entendam a educação como um meio capaz de promover a transformação do lugar em que vivem.”
Esse movimento de trazer a comunidade de um município pequeno e de alta vulnerabilidade social para dentro da escola só foi possível quando a gestão começou a investir na ideia de pertencimento, ou seja, mostrar que todas as pessoas pertencem à escola e que esta, por sua vez, pertence à comunidade.
Para que todos esses processos sejam possíveis, é imprescindível que os educadores estejam alinhados e comprometidos com a inovação. Assim, torna-se igualmente importante que as formações continuadas sejam pautadas e estejam alinhadas com as inovações em estrutura, currículo, metodologia e interseccionalidades, ou seja, a conexão da escola com a comunidade escolar e demais redes, como a rede municipal de ensino, por exemplo, no caso de uma escola pública municipal.
No plano estratégico da formação continuada, é necessário observar algumas questões, como explica Alcielle. Uma delas é a garantia de um espaço-tempo de formação, detalhando os pontos prioritários a serem debatidos para cada momento do ano letivo. Isso implica considerar todas as dimensões da escola, que vão desde a aprendizagem dos estudantes até o próprio repertório do professor e suas necessidades enquanto profissional, como espaços de troca de boas práticas, momentos de escuta qualificada entre pares, entre outras.
“Tudo o que se fala sobre inovação educativa na escola precisa ter coerência e correspondência com a inovação educativa na formação continuada. E quem une esses dois polos de inovação educativa é o gestor escolar. Se estou inovando em relação a momentos de escrita criativa para aumentar o engajamento na escrita dos estudantes, preciso ter processos de escrita e autoria com os professores para que eles sejam mediadores e facilitadores disso, por exemplo.”
Mais do que simplesmente fazer o que todo mundo faz ou seguir receitas prontas, inovar na educação não significa mudar tudo, mas sim identificar o que cada escola, com suas especificidades, precisa em cada momento. Diante da possibilidade de inovações sustentadas, que não mudam o que é estruturante, e inovações disruptivas, que rompem com a estruturação tradicional de uma escola, cabe à gestão avaliar qual processo renderá os melhores resultados e quais são os métodos para chegar aos resultados esperados. Por isso, Alcielle defende que toda e qualquer inovação demande um estudo de cenário.