Presidente Joe Biden discursa na Casa Branca durante uma cerimônia sobre o Dia Mundial da AIDS com sobreviventes, suas famílias e defensores, neste domingo (1º)
Manuel Balce Ceneta/AP
O presidente dos EUA, Joe Biden, concedeu perdão "total e incondicional" ao seu filho, Hunter Biden, na noite deste domingo (1º), evitando uma possível sentença de prisão por condenações federais sobre a compra ilegal de arma e pela sonegação de US$ 1,4 milhão em impostos.
Anteriormente, Biden havia prometido que não iria usar os poderes extraordinários da presidência para beneficiar membros da família.
"Hoje, assinei um perdão para meu filho Hunter", declarou Biden neste domingo, alegando que a acusação contra ele foi politicamente motivada e um "erro judicial".
"As acusações nesses casos surgiram apenas após vários de meus oponentes políticos no Congresso as instigarem para me atacar e se oporem à minha eleição", afirmou Biden. "Nenhuma pessoa razoável que analise os fatos dos casos de Hunter pode chegar a outra conclusão além de que ele foi alvo apenas porque é meu filho."
O presidente democrata havia declarado anteriormente que não perdoaria ou comutaria a sentença de seu filho após as condenações nos casos em Delaware e Califórnia.
A decisão ocorre semanas antes de Hunter Biden receber sua sentença no caso de armas e de sua confissão de culpa nas acusações fiscais, e menos de dois meses antes de Donald Trump, presidente eleito, retornar à Casa Branca.
Trump passou anos atacando Hunter Biden por seus problemas legais e pessoais como parte de uma série de ataques contra a família do presidente Biden.
Hunter revelou publicamente estar sob investigação federal em dezembro de 2020, um mês após a vitória do pai nas eleições de 2020.
Em junho deste ano, Biden afirmou que não perdoaria ou faria algo para reduzir a pena de seu filho: "respeito a decisão do júri. Farei isso e não vou perdoá-lo."
Em 8 de novembro, dias após a vitória de Trump nas eleições presidenciais, a secretária de imprensa da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, descartou um perdão ou clemência para Hunter Biden: "já nos fizeram essa pergunta várias vezes. Nossa resposta permanece a mesma, que é não."
Biden ainda disse que espera que os americanos entendam o motivo de um pai e um presidente "tomarem essa decisão". O presidente passou o feriado de Ação de Graças em Nantucket, Massachusetts, com Hunter e sua família.
Hunter foi condenado em junho em um tribunal federal de Delaware por três crimes relacionados à compra de uma arma em 2018, quando, segundo os promotores, ele mentiu em um formulário federal ao declarar que não usava drogas ilegalmente nem era viciado.
Ele deveria ir a julgamento em setembro no caso da Califórnia, acusado de não pagar pelo menos US$ 1,4 milhão em impostos. No entanto, concordou em se declarar culpado de acusações de contravenção e crime em um movimento surpresa horas antes do início da seleção do júri.
Hunter Biden afirmou que se declarou culpado nesse caso para poupar sua família de mais dor e constrangimento após o julgamento de armas expor detalhes sensacionalistas sobre sua luta contra o vício em crack.
As acusações fiscais previam até 17 anos de prisão, enquanto as acusações de armas poderiam resultar em até 25 anos de prisão, embora as diretrizes federais de sentença previssem penas bem mais brandas, sendo possível que ele evitasse a prisão completamente.
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Hunter Biden afirmou, em um comunicado por e-mail, que nunca subestimará o alívio que lhe foi concedido e prometeu dedicar a vida que reconstruiu "a ajudar aqueles que ainda estão doentes e sofrendo".
"Admiti e assumi a responsabilidade por meus erros nos dias mais sombrios do meu vício – erros que foram explorados para me humilhar publicamente e envergonhar a mim e à minha família por motivos políticos", disse Hunter Biden.
Um porta-voz do procurador especial David Weiss, responsável pelos casos, não respondeu aos pedidos de comentário na noite de domingo.