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Jovem com doença rara faz missões pelo mundo

A missionária Ana Clara Schindler tem testemunhado com sua própria vida quão grande é a graça de Deus.

Por Rede Vida Brasil

13/06/2023 às 17:28:27 - Atualizado há

Imersão no campo missionário

Ana Clara contou que, no campo, ela lida com duas dificuldades principais: comunicação e acessibilidade.

"Eu tenho dificuldade na fala, minha dicção não é perfeita e muitas pessoas têm dificuldades em me entender. Na minha primeira viagem missionária, me deparei com a necessidade de um tradutor, pois na hora de ministrar eu não podia esperar que todos iriam entender", explicou ela.

A realidade no campo era bem diferente da que ela estava acostumada, onde só conversava com quem a conhecia e já tinha facilidade para a compreender.

"Agora eu precisava ministrar para muitas pessoas, fazer evangelismo na rua, entre outras coisas. Encontrava pessoas que tinham muita dificuldade em lidar com a minha deficiência, falta de informação e medo de se relacionar comigo", lembrou ela.


A missionária está sempre pronta para onde o Senhor a guiar. (Foto: Reprodução/Instagram/Ana Clara Schindler)

E continuou: "Me lembro que na primeira base missionária onde morei, pessoas vieram me dizer o quanto tinham medo de me ofender ao não entender o que eu falava e por isso não interagiam comigo. Isso era difícil de ouvir, mas ao mesmo tempo um paradigma a ser quebrado".

Ana Clara também contou que a acessibilidade local ainda é um problema em muitas igrejas, pois nem todas estão preparadas para receber pessoas com deficiências.

"Já houve episódios em que não consegui subir para ministrar, mas nesse caso por exemplo, fiquei intercedendo pelas pessoas que tinham ido. Deus nunca desperdiça nada, e em qualquer ocasião, Ele valoriza nosso coração disposto a servir", declarou ela.

Em sua viagem ao sertão da Bahia, ela já esperava que não encontraria um lugar acessível, porém, a disposição e entrega no reino de Deus fizeram com que ela permanecesse e tivesse coragem para ir mesmo com desafios.

"Jesus veio e cumpriu seu ministério mesmo sabendo que iria morrer numa cruz. Então, até parece que eu não vou cumprir meu chamado por causa das dificuldades encontradas no caminho. Eu creio em um Deus que abriu o mar vermelho, então mesmo que eu não veja a rampa, ela já está lá", afirmou Ana Clara.

Diante de todas essas questões, a missionária passou a entender o que chamou de "muito precioso", o Corpo de Cristo.


A missionária com indígenas. (Foto: Reprodução/Instagram/Ana Clara Schindler)

Ela citou Romanos 12 para exemplificar:

"Cada um tem sua função no Corpo de Cristo e não chegaremos lá sozinhos. Essa é a beleza. Eu encontrei irmãos que foram meus pés, minhas pernas e até minha voz quando necessário. A unidade do Corpo de Cristo, é o que nos faz vencer as barreiras e isso eu aprendi na missão".

A rotina de Ana Clara requer cuidados específicos devido a sua deficiência, por isso, ela é acompanhada por uma equipe multiprofissional 24 horas por dia. Mas no caso de uma viagem missionária, apenas duas enfermeiras são essenciais.

Atualmente ela mora com os pais na cidade de São Paulo e é membro da Zion Church.

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Sobre a AME

Ana Clara compartilhou que a deficiência nunca mexeu com a sua autoestima, pois ela sempre viu a AME como uma característica com a qual ela nasceu. Para ela sempre foi algo "natural e evolutivo".

Na infância, ela relembrou que sofreu muito bullying dos demais colegas de classe.

"Os alunos não queriam fazer trabalho comigo e até pediam para mudar de turma. Desviavam os olhares e não falavam comigo. Foi um tempo muito difícil, mas em contrapartida, tinham aqueles que me acolhiam em outros ambientes. Depois mudei de escola e tive uma boa aceitação", lembrou ela.

Na faculdade ela também lidou com algumas discriminações, mas foi acolhida pelos jovens do "Dunamis Pockets" (missões universitárias). Eles a acolheram e a ajudaram em seu processo de maior intimidade com Cristo.

No âmbito profissional, Ana disse que passou por situações em que pessoas a pararam na rua e não acreditaram que ela pudesse trabalhar em uma produtora audiovisual.

"As pessoas realmente não acreditam que alguém com deficiência tem capacidade e direito a uma vida completa, mesmo com suas limitações. Podemos sim trabalhar, ter uma perspectiva de vida e família", declarou ela.

Ana Clara é formada em design, com habilitação em comunicação visual e ênfase em marketing pela ESPM. Ela atuou como diretora de comunicação na Jocum de Florianópolis.

No trabalho com a missão, ela encontrou um ambiente com "mais disposição para o diferente".

"Encontrei novas possibilidades e novos espaços de desenvolvimento. Quando respeitamos a individualidade de cada um, fica muito mais fácil de exercer a inclusão, e isso encontrei no campo missionário. Tive a minha individualidade respeitada e pessoas que me impulsionaram para a minha vocação", compartilhou ela.

A missionária destacou como é o seu relacionamento com Deus:

"O relacionamento com Deus é algo a ser construído e desenvolvido eternamente. A Bíblia nos diz que a eternidade é conhecer a Deus. Isso me fascina! Saber que tenho um relacionamento inesgotável com Ele. Um Deus completo que é amigo, pai, Senhor e tudo que precisamos".

E concluiu dizendo: "Uma chave que transformou meu relacionamento com Deus foi quando eu entendi que poderia entregar o meu melhor, mas também o meu pior, pois Ele me conhece por inteiro. Não existe nenhum lugar que eu possa me esconder senão nEle, isso é lindo. O meu relacionamento com Deus é livre nEle, por Ele e pra Ele".

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