O ex-ministro Ciro Gomes, que durante a campanha de 2022 prometeu retirar os brasileiros do SPC, diz que o ‘Programa Desenrola Brasil’, em vigor a partir de hoje, não tem nada a ver com sua proposta original e que “só é bom para os bancos”. “Tem cheiro de picaretagem grossa, estatização via garantia do Tesouro de débitos que não valem muito e juros tabelados de quase 27% ao ano para o valor renegociado. Só é bom para os bancos, então. Para se ter uma ideia, o perdão até 100 reais só suspende o registro no SPC, mas não cancela o débito. Chega a ser chocante. Lula não decepciona!”
Ciro lembra que o desconto no feirão do Serasa, que havia prometido, era de 90%. Em seu programa de governo, ele explicava que a divida media de cada brasileiro que esta com o nome sujo e de 4.200 reais, mas cerca de 80% disso e juro sobre juro, multa, comissa?o de permane?ncia e outras taxas. Sua ideia era “utilizar a forc?a do Governo Federal para negociar essas dividas com os credores (carto?es de credito, bancos, concessionarias de servic?os publicos, lojas etc.), conseguir o maximo de desconto e derrubar esse valor para cerca de R$ 1.400,00 – um desconto medio de quase 70% na divida.”
O ex-ministro pretendia aplicar de forma coletiva a lógica das negociações individuais já em vigor nos feiro?es do SPC e da Serasa, beneficiando 63 milhões de pessoas. Em conjunto com a renegociação das dívidas, seria aberta uma linha de credito no Banco do Brasil, na Caixa Econo?mica Federal e em outros bancos publicos ou privados que desejassem participar do programa, para que as pessoas pudessem parcelar suas dividas, ja com o desconto dos juros e multas, em ate 36 vezes e com tre?s meses de care?ncia para comec?ar a pagar. Como a divida media de cada brasileiro, sem os juros absurdos, e de aproximadamente R$ 1.400,00, cada parcela ficaria abaixo de R$ 40,00 por me?s.
Na prática, os bancos assumiriam o principal ônus nas negociações. Já o Desenrola deixa a conta principal para o próprio devedor e boa parte para o Tesouro. Ou seja, beneficiará muito mais os bancos, que poderão utilizar os acordos como créditos tributários de forma antecipada em seu balanço, projetando melhores resultados.
jovem pan